Sudão: Manifestantes de regresso às ruas de Cartum
6 de abril de 2019Os manifestantes responderam afirmativamente ao apelo lançado pelo partido da oposição sudanês Umma e alguns dos sindicatos, e reuniram-se, este sábado, na capital Cartum, para protestar contra a presidência de Omar al-Bashir. Os protestos deste sábado (06.04) visam lembrar a revolta que a 6 de abril de 1985 derrubou o então regime do Presidente Jaafar Nimeiri.
Gritando frases como "Um Exército, Um Povo” e "Queremos que o regime caia”, os manifestantes marcharam até ao quartel-general do Exército, localizado perto da residência de Bashir, e onde funciona também o Ministério da Defesa. Os militares, que fazem a segurança do edifício, responderam com gás lacrimogéneo.
O mesmo aconteceu em outros pontos da capital do Sudão. A polícia dispersou os manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogéneo e deteve dezenas de ativistas. Numa manifestação separada, centenas de pessoas protestaram junto ao prédio do exército da cidade de Madani, noticia a AFP.
Forte dispositivo de segurança
As forças de segurança alocaram um forte dispositivo em toda a cidade, particularmente nas zonas onde se reuniram mais manifestantes, como a praça Jackson, e nas avenidas que ligam essa zona ao quartel-general do Exército.
As pontes que ligam Cartum com as cidades vizinhas, do outro lado do rio Nilo, foram fechadas pelas autoridades.
No passado dia 22 de fevereiro, e em resposta aos protestos que eclodiram no país, o Presidente sudânes declarou estado de emergência.
Os protestos no Sudão começaram, em meados de dezembro, depois do governo ter anunciado o aumento do preço do pão, mas rapidamente se transformaram em manifestações que exigem a renúncia do Presidente al-Bashir. As autoridades dizem que 31 pessoas morreram na sequência destes protestos, e em consequência da violência levada a cabo pela polícia. Números que não correspondem aos divulgados pela Human Rights Watch. A organização de defesa de direitos humanos fala em, pelo menos, 51 vítimas mortais.