Sul-africano Damon Galgut vence prémio Booker 2021
4 de novembro de 2021Esta foi a terceira nomeação do dramaturgo e romancista Damon Galgut para o prémio, depois de 2003 e 2010. Desta feita, tornou-se o favorito e arrebatou o prémio com o seu nono romance, "The Promise" ("A Promessa"), com uma história do seu país, que decorre no final do 'apartheid', na qual explora as relações entre os membros de uma família branca em decadência, através da sequência de quatro funerais.
Nascido em Pretória, em 1963, Galgut escreveu o primeiro romance aos 17 anos, "A Sinless Season". Entre as suas obras contam-se títulos como "Small Circle of Beings" e "The Beautiful Screaming of Pigs".
Como vencedor do Booker Prize, Damon Galgut recebe 50.000 libras (perto de 59 mil euros).
"Estou profundamente e humildemente grato pelo prémio", disse o autor de 57 anos ao aceitar o prestigioso prémio britânico numa cerimónia em Londres.
"Demorou muito tempo a chegar aqui e agora que cheguei, sinto que não devia estar aqui", acrescentou Galgut.
Homenagem a África
Após receber o prémio, Galgut prestou homenagem ao seu continente natal. "Este tem sido um grande ano para a escrita africana e gostaria de aceitar o prémio em nome de todas as histórias contadas e não contadas, os escritores ouvidos e não ouvidos, do notável continente de que faço parte", disse.
E ainda apelou: "Por favor, continuem a ouvir-nos. Há muito mais por vir". Em entrevista, Galgut salientou que o vencedor deste ano do Prémio Nobel da Literatura também foi para um escritor africano, o romancista nascido em Zanzibar, Abdulrazak Gurnah.
A vitória de Galgut chegou poucas horas depois da notícia de que outro escritor africano, o senegalês Mohamed Mbougar Sarr, de 31 anos, tinha sido galardoado com o Goncourt, o prémio literário mais importante da França.
"Um livro sobre legados"
"'A Promessa' espantou-nos desde o início como uma hostória incrivelmente bem construída. Em cada leitura sentimos que o livro crescia", frisou a historiadora Maya Jasanoff, presidente do júri.
"Este é um livro sobre legados, aqueles que herdamos e aqueles que deixamos e, ao atribuir-lhe o Prémio Booker deste ano, esperamos que ressoe nos leitores, ao longo das próximas décadas ".
Além de Maya Jasanoff, o júri da edição deste ano foi constituído pela editora Horatia Harrod, pela atriz Natascha McElhone, pelo professor e escritor Chigozie Obioma, também já selecionado para o Booker em anteriores edições, e pelo antigo arcebispo da Cantuária Rowan Willians.
A norte-americana Patricia Lockwood, com a sua estreia em ficção, "No One is Talking About This", o autor Anuk Arudpragasam, do Sri Lanka, com "A Passage North", a britânica de origem somali Nadifa Mohamed, com o romance "The Fortune Men", o norte-americano Richard Powers, com "Bewilderment", e a sua compatriota Maggie Shipstead, com "Great Circle", eram os restantes finalistas do Booker Prize de ficção 2021.