São Tomé cultiva milho híbrido apesar da contestação
15 de abril de 2017Uma equipa de técnicos agrícolas da China está a introduzir em São Tomé o cultivo de milho modificado para ração animal. A notícia, veiculada por órgãos de imprensa nacional e estrangeira, "está a ser mal interpretada e a provocar especulação" por alguns cidadãos, particularmente os que residem na diáspora, defende o ministro Teodorico Campos, em comunicado de imprensa.
"Em nenhum momento o Governo autorizou a produção de milho transgénico, nós estamos a falar de uma produção híbrida e toda a gente sabe o que é uma variedade híbrida", disse o titular da pasta da Agricultura de São Tomé e Príncipe, citado pela agência de notícias Lusa.
Recolha de assinaturas
Para tentar travar a produção deste tipo de cultura, vários são-tomenses estão a recolher assinaturas através das redes sociais que serão depois endereçadas ao Governo.
O Executivo garante que se trata de milho híbrido que "não tem riscos para animais, muito menos para a saúde humana e não põe em causa o solo e o meio ambiente do país".
A introdução da cultura de milho modificado acontece no âmbito de projetos-pilotos que os chineses estão a implementar em São Tomé e Príncipe, depois dos dois países terem restabelecido as relações diplomáticas em finais de dezembro.
"Nós trouxemos este milho que é um milho aprovado pelo ministério da agricultura da China e pelo Governo chinês, é seguro para a ração animal e não faz mal à população", disse por seu lado o chefe da missão agrícola chinesa em São Tomé e Príncipe Hou Xiaoping.
Este responsável sublinha que a produção de ração é fundamental na suinicultura são-tomense, sendo que este milho se adapta "muito bem ao clima tropical". Hou Xiaoping adianta ainda que na China este milho produz cerca de oito toneladas por hectare.
De onde vem este milho?
Em "nota elucidativa" distribuída pelos jornalistas, o Centro de Investigação Agronómica e Tecnológica (CIAT) de São Tomé e Príncipe explica que este milho híbrido resulta de "cruzamentos controlados ou não entre duas espécies diferentes, mas pertencentes ao mesmo género, ou entre duas linhagens puras de uma mesma espécie".
"A política do Governo é incentivar a produção de ração animal e baixarmos os custos de produção de carne. Ainda estamos em teste", explica o governante.
Segundo Teodorico Campos, a produção em larga escala dessa cultura ainda está dependente da conclusão das análises que estão a ser feitas pelo laboratório do CIAT, mas o Governo já vai adiantando que as especulações e a má interpretação não vão parar o projeto.
"Pelo que sabemos uma produção híbrida não tem riscos para saúde humana e outros seres vivos e o que nós queremos é aumentar a produção de ração animal e de carne de consumo", disse o ministro, citado pela Lusa.