São Tomé e Príncipe é um país esquecido pelos investidores?
8 de abril de 2015Investir em São Tomé e Príncipe é um ato de coragem e de perseverança, ouvia-se esta terça-feira (07.04) em Lisboa numa conferência sobre as oportunidades de negócio e de investimentos que oferece o arquipélago africano de 1001 quilómetros quadrados. Dizia-se ainda que as ilhas do Equador não são para quem procura protagonismo ou para aqueles que desistem ao primeiro obstáculo.
O próprio ministro são-tomense da Presidência e dos Assuntos Parlamentares reconhece que o país caiu num relativo esquecimento sobretudo devido à instabilidade política - São Tomé e Príncipe assistiu sucessivamente à queda de vários Governos. Mas, para Afonso Varela, 2015 é um ano de viragem e mudança de paradigma.
"Não é fácil quebrar hábitos e tradições de várias décadas", admite. Mas o Governo são-tomense quer convencer mais empresários a investir no país. A ofensiva conta mesmo com a ajuda de Patrice Trovoada: "O primeiro-ministro também está envolvido nesse processo e fará outras deslocações para que isso possa acontecer."
Segundo Afonso Varela, o Executivo quer converter as ilhas num espaço atrativo, melhorar o clima de negócios, criar riqueza e uma Nação próspera. Mas, para isso, será necessário um conjunto de reformas, diz. É preciso "clarificar e simplificar os procedimentos e torná-los muito mais seguros."
Menos burocracia, mais segurança
Este é o primeiro sinal de abertura para atrair investimento estrangeiro direcionado para setores potenciais - os recursos marinhos e energéticos, além da agricultura, turismo, saúde, educação e serviços. Um dos projetos emblemáticos é a construção do porto de águas profundas em São Tomé.
Além de estabilidade política, o país precisa de menos burocracia e de mais segurança jurídica, que dê confiança aos investidores, sublinha Nuno Gonçalves, da Associação Empresarial de São Tomé e Príncipe. "Depois o resto é fazer negócios."
O Executivo são-tomense está também a trabalhar na elaboração de um Guia do Investidor, um dos instrumentos úteis a Fernando Basto, diretor da SolarWaters, uma empresa portuguesa na área das energias renováveis, com planos para operar em São Tomé e Príncipe. "A possibilidade de criar energia renovável e barata nestas áreas de insolação é sempre interessante".
Gloriana Echeverria, da Agência Multilateral de Garantia de Investimento, considera que São Tomé e Príncipe é uma pequena economia que tem muito potencial e vantagens comparativas em África.
"A agência que eu represento está focada em desenvolver o turismo, como uma indústria fundamental para o crescimento económico e desenvolvimento do país", referiu Echeverria.
Proximamente, Patrice Trovoada estará em Portugal em visita privada, durante a qual reforçará a estratégia do país, cujos passos estão a ser seguidos e apoiados pelo Banco Mundial, que esteve representado na conferência na capital portuguesa.