Tatuagens no Corno de África
Desenhos faciais e corporais únicos são utilizados para realçar a beleza feminina, mas alguns são controversos.
Corpo adornado
No norte da Etiópia, um pescoço delicado e tatuagens faciais, chamadas "nikisat", contrasta com as tradicionais roupas brancas e os penteados elaborados das mulheres. Há um significado religioso por trás de alguns "nikisat", com linhas de minúsculas cruzes ao longo da zona do maxilar ou cruzes em formas tradicionais etíopes na testa.
Costume controverso
Os "nikisat" são muito mais comuns em áreas rurais. Estas tatuagens são cada vez mais desaprovadas nas cidades, sendo associadas a costumes ultrapassados e antiquados. São também consideradas um risco para a saúde, devido à sua aplicação, e injustas para as mulheres, que geralmente são tatuadas ainda jovens, com cerca de oito anos de idade, sem o seu consentimento.
Variações de um tema
Alguns "nikisat" são muito simples, como o desta mulher que vende a planta khat num mercado em Dire Dawa - tem só um ponto preto em cada bochecha e dois pequenos traços verticais na testa. O "nikisat" também é usado nos antebraços, nas pernas e para escurecer a zona das gengivas. Outra forma de marcar o corpo na Etiópia é com "insosilla", um corante vegetal usado para manchar as mãos e os pés.
Arte muçulmana
Tatuagens floridas não-permanentes de hena, feitas a partir do extrato da planta, também são usadas na Etiópia para realçar a beleza. São mais comuns em zonas muçulmanas. A hena pode também ser encontrada nos vizinhos Somalilândia e Djibuti. Aqui, uma jovem aplica hena a uma senhora num mercado da cidade costeira de Berbera, na Somalilândia.
Mais do que arranjar as unhas
Numa outra banca do mercado, uma jovem descansa os braços sobre as pernas, deixando secar a hena recém-aplicada. Além do Corno de África, a hena tem sido usada há séculos em partes do norte de África, na Península Arábica, no Médio Oriente e no sul da Ásia. A hena também é usada para decorar os pés e para tingir os dedos e as unhas do pé, dedos e palmas das mãos, além das solas dos pés.
Toque elegante
Na capital da Somalilândia, Hargeisa, a hena esteve em destaque num jantar para comemorar o 25º aniversário da proclamação da independência do país este ano, juntamente com muitas jóias e vestidos tradicionais coloridos. Aqui, as mulheres são conhecidas pela sua elegância e por prestarem atenção aos detalhes da moda.
Ramadão
Muitas mulheres fazem tatuagens de hena para celebrar o mês mais sagrado do Islão, o Ramadão. Aqui, Amira, uma funcionária do hotel mais antigo de Hargeisa, exibe a sua hena aplicada recentemente, que levou cerca de 20 minutos para ficar pronta e custou cerca de quatro euros. Atualmente, em muitos países de diferentes credos, a hena é usada em casamentos e festas religiosas.
Moda que contrasta
A hena de Najma, uma jovem de 16 anos, destaca-se do seu abaia, a longa túnica preta usada por algumas muçulmanas. A Somalilândia é um país religioso conservador. Em público, as mulheres devem cobrir também os cabelos e os braços: "O mais importante é o que está dentro da sua cabeça, não o que está sobre ela", diz uma senhora em Hargeisa.
Linhas nítidas ao sol
No Djibuti, país ao norte da Somalilândia, a hena também é comum. As populações dos dois países são etnicamente somalis e compartilham tradições culturais. Uma adolescente senta-se com os seus amigos na praia, na cidade de Djibuti, procurando refúgio na brisa fresca que sopra do mar. Aqui, as temperaturas podem subir até aos 40 graus célsius.