Tchiloli: Uma tradição única em São Tomé e Príncipe
O Tchiloli é uma tradição secular em São Tomé e Príncipe. É a encenação de uma história sobre traição e amor, com dança e tambores, perante plateias maravilhadas. Mas teme-se que esta tradição possa desaparecer.
A história do Tchiloli
Tchiloli é uma encenação histórica, sobre traição e amor. O príncipe D. Carloto assassina o amigo, Valdevinos, durante uma caçada. Tudo por causa de uma mulher, Sibila, casada com Valdevinos. E o Imperador Carlos Magno fica com uma tarefa ingrata em mãos: ter de condenar o próprio filho.
Sede de justiça
Este é o Marquês de Mântua, tio de Valdevinos. Foi ele que encontrou o sobrinho a morrer, assassinado pelo príncipe. E prepara-se aqui para pedir que se faça justiça. O que fará o Imperador, o pai do príncipe D. Carloto?
A corte do Imperador
Aqui está. Carlos Magno na sua corte, sem esquecer os óculos de sol. O Imperador condena o filho à morte pelo assassinato de Valdevinos. O príncipe D. Carloto recorre da sentença. Mas o Imperador não volta atrás na decisão. Para o Marquês de Mântua, tio de Valdevinos, faz-se justiça.
O "rosto" do Tchiloli
João Taraveira é um dos rostos mais conhecidos das encenações do Tchiloli. Pertence ao grupo "Formiguinha da Boa Morte", um dos mais antigos de São Tomé e Príncipe, formado em 1956. Já percorreu o mundo em atuações. No país, há vários grupos de Tchiloli. Em cada atuação há dezenas de figurantes.
Tradição única
O Tchiloli é uma tradição única e especial. Segundo alguns investigadores, a peça foi trazida para São Tomé e Príncipe no século XVI por "mestres" do açúcar, vindos da Madeira. Outros defendem que o Tchiloli foi trazido muito mais tarde, no século XIX. Mas o original foi entretanto adaptado. Os tambores e as danças, por exemplo, refletem muito da cultura e tradições de São Tomé e Príncipe.
Ocasião especial
Quando há Tchiloli, é sempre especial. E Tchiloli na praça Yon Gato, em São Tomé, não acontece todos os dias. Quando acontece, reúne muita gente. Miúdos e graúdos juntam-se nas ruas para assistir ao espetáculo.
Manter viva a tradição
No ano passado, a Rede Tchiloli começou a organizar um festival para manter viva esta tradição. Os grupos de Tchiloli pedem às autoridades são-tomenses mais apoios financeiros. As indumentárias e os instrumentos usados nas encenações são relativamente caros. E toda a ajuda é pouca. Teme-se que esta tradição possa desaparecer.
Fim do preconceito
Durante muito tempo, o Tchiloli era tido como algo feito apenas por homens. Mas, pouco a pouco, tem-se desfeito esse preconceito. O Tchiloli da Cachoeira é o único no país em que todos os figurantes são raparigas. Ser figurante é exigente. São precisos muitos meses de preparação.