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PolíticaSudão

EUA retiram Sudão da lista de países apoiantes do terrorismo

Lusa | AP
20 de outubro de 2020

O Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que o Sudão vai ser retirado da lista de países apoiantes do terrorismo. Mas o país africano ainda terá de pagar compensações às vítimas. Sanções já duram há 27 anos.

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General sudanês Abdel Fattah al-Burhan e Presidente Salva KiirFoto: Jok Solomun/Reuters

A medida foi anunciada nesta segunda-feira (19.10) pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A saída doSudão da lista negra do terrorismo dos EUA permitirá ao país africano ter acesso a empréstimos internacionais.

A decisão dependia do Sudão cumprir um acordo para pagar 335 milhões de dólares [285 milhões de euros] às vítimas de terrorismo norte-americanas e às suas famílias. Com isso, pode obter ajuda financeira para reanimar a sua economia e salvar a transição para a democracia.

"Boas notícias! O novo Governo do Sudão, que está a fazer grandes progressos, aceitou pagar 335 milhões às vítimas americanas de terrorismo e às suas famílias. Assim que for depositado, retirarei o Sudão da lista de Estados apoiantes do terrorismo", disse o Presidente norte-americano. "Por fim, justiça para o povo americano e um grande passo para o Sudão", acrescentou Donald Trump na rede social Twitter.

Relações com Israel

O anúncio acontece após a visita ao Bahrein do secretário do Tesouro norte-americano, Stephen Mnuchin, para cimentar o reconhecimento de Israel pelo país do Golfo e num momento em que a administração de Trump procura aumentar o reconhecimento árabe ao Estado hebreu.

Além disso, retirar o Sudão da lista de países apoiantes de terrorismo é um incentivo crucial para o Governo sudanês normalizar as relações com Israel, de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP).

Kombobild Abdel Fattah al-Burhan und Benjamin Netanjahu
O general sudanês Abdel Fattah al-Burhan e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanjahu

O esperado estabelecimento de ligações diplomáticas com Israel por parte do Governo de transição do Sudão surge como uma vitória diplomática do Presidente norte-americano antes das eleições de novembro.

Num discurso à nação, o primeiro-ministro sudanês Abdalla Hamdok disse que a saída do Sudão da lista do terrorismo dos EUA ajudaria o seu Governo a beneficiar do alívio da dívida bem como ter acesso a empréstimos e investimentos estrangeiros - considerados uma porta de entrada para a recuperação económica. 

O Sudão tem mais de 60 mil milhões de dólares em dívida externa, disse. ''É um longo caminho É preciso um planeamento sério e muito trabalho para obtermos o máximo benefício desta oportunidade'', acrescentou o primeiro-ministro Hamdok.

Divisões no Governo militar-civil sudanês

Entretanto, a decisão de retirar o Sudão da lista dos Estados Unidos tem causado divisões dentro do Governo militar-civil sudanês.

A retirada da lista depende do Sudão pagar as compensações pelas vítimas dos bombardeamentos às embaixadas no Quénia e na Tanzânia, em 1998, conduzidos pela Al-Qaeda de Osama bin Laden, quando o líder da organização terrorista vivia naquele país.

O Sudão atravessa uma difícil transição para um regime democrático depois de um levantamento popular no ano passado ter levado os militares a destituir o líder autocrático, Omar al-Bashir, em abril de 2019.

O país é conduzido por um Governo militar-civil que deverá manter-se em funções até às eleições previstas para o final de 2022.

As negociações para retirar o Sudão da lista de países apoiantes do terrorismo decorrem há mais de um ano. Mas os esforços norte-americanos para restabelecer relações com o país africano datam do final da administração do Presidente Barack Obama, que iniciou o processo em janeiro de 2017.

Assim que o dinheiro da compensação for depositado, Donald Trump deverá  assinar uma ordem de remoção do Sudão da lista de terrorismo, na qual adoeceu sob pesadas sanções americanas, por 27 anos.
 

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