Diretor de Fronteiras guineense aguarda decisão judicial
15 de setembro de 2020O caso em que o diretor-geral dos Serviços de Migração e Fronteiras é acusado de envolvimento remonta ao mês de março deste ano. Na altura, Alassana Djaló, enquanto diretor dos serviços de investigação criminal da Guarda Nacional (GN), teria dado ordens para a retirada da posse da Polícia Judiciária (PJ) de mais de 80 cápsulas de cocaína.
O material havia sido apreendido a um cidadão nacional, no Aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau. O cidadão também foi libertado por ordem da GN, e a PJ acredita que as cápsulas foram adulteradas. Alassana Djaló foi detido na semana passada.
Esta terça-feira (15.09), o oficial do Ministério do Interior foi ouvido na Vara Crime do Ministério Público, por algumas horas, e depois mandado diretamente para outra audição, pelo juiz de instrução criminal (JIC), no Tribunal Regional de Bissau. A justiça deve decidir se o acusado segue ou não detido.
Combate ao tráfico
Entretanto, desde que se instalaram no país, as atuais autoridades guineenses elegeram o combate ao tráfico de drogas como uma das prioridades para a governação. Mas, em declarações à DW África, o analista político Mariano Pina duvida da determinação das autoridades guineenses em combater o tráfico.
"Não sei se é uma determinação do Governo em combater a droga ou não, mas a verdade é que se é uma determinação, começou tardiamente, porque logo que o Presidente (da República) tomou posse, indultou um dos prisioneiros, uma das pessoas que foram apreendidas com droga, julgada e condenada e que estava nos calabouços da Guiné-Bissau, e um estrangeiro, acima de tudo", aponta Pina.
Apesar da detenção do diretor-geral de Migração e Fronteiras, o secretário-executivo do Observatório Guineense da Droga e Toxicodependência, Abílio Có Júnior, afirma que as atuais autoridades não estão em condições de combater o tráfico de drogas no país.
Para Có Júnior, "as autoridades que têm o papel de combater o tráfico, estão, ao que tudo indica, envolvidas no tráfico de drogas". "É o exemplo claro da detenção do diretor da migração e fronteiras", afirma.
Outras medidas
No entanto, o analista político Mariano Pina defende que outras medidas políticas sejam tomadas sobre o caso Alassana Djaló: "Penso que devia ser demitido o ministro do Interior e todos os responsáveis do Ministério do Interior. As autoridades deviam ter tomado medidas logo no início, não agora".
No mesmo dia em que foi detido pela PJ, na sexta-feira, 11 de setembro, Alassana Djaló foi igualmente suspensodas funções, por tempo indeterminado.
O ministro do Interior, Botche Candé, justificou a decisão por necessidade de "imprimir dinâmica” na Direção dos Serviços de Migração e Fronteiras.