Turismo e natureza de mãos dadas em Moçambique
7 de junho de 2018Na abertura da conferência de três dias, esta quinta-feira (07.06), o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apontou como principais desafios para o desenvolvimento do turismo no país a eliminação da corrupção e da burocracia que bloqueiam o ambiente são de negócios e inibem os investimentos do setor privado.
Nyusi indicou algumas medidas que o Governo está a levar a cabo para impulsionar a cadeia de valor do turismo, de modo a tornar este sector um dos principais pilares de desenvolvimento do país: "Liberalizámos o espaço aéreo nacional para voos internacionais diretos para Moçambique e voos domésticos e criámos facilidades de obtenção de vistos de turismo nos pontos de entrada".
A conservação da natureza é também um dos pontos em destaque. "O processo em curso de reabilitação dos nossos parques e reservas coloca Moçambique no roteiro mundial de áreas com destaque para a conservação de referência", disse Nyusi.
Investir na conservação
As áreas de conservação em Moçambique ocupam 25% do território, o que correspondente a cerca de 200 mil metros quadrados.
"Como forma de melhor conviver com a natureza, estamos a realizar mais estudos de investigação que têm revelado descobertas de novas espécies de plantas, insetos, novas espécies de morcegos. Temos estado a devolver um efetivo de fauna com mais de quatro mil animais reintroduzidos nos parques e reservas nacionais desde 2015", sublinhou o Presidente moçambicano.
Presente no encontro, Peter Lindsey, da Wildfile Conservation Network, defendeu que o continente deve investir na conservação, com o envolvimento não só dos governos, mas também das ONG e de outros parceiros. Segundo Lindsey, muitos países estão a perder a vida selvagem por falta de fundos para a sua proteção.
Envolver as comunidades
Também o antigo Presidente do Botsuana Ian Kama defendeu o investimento na proteção: "Para África continuar a beneficiar dos recursos naturais que possui, deve proteger a sua terra, e, depois, tornar os ganhos do turismo em coisas tangíveis, com investimentos em infra-estruturas", sublinhou.
Por outro lado, acrescentou Ian Kama, "é importante que a natureza seja utilizada para o benefício da comunidade e para a erradicação da pobreza".
Na mesma linha, Luke Bailes, fundador da Singita, defendeu que as comunidades devem ser envolvidas na conservação da natureza, de modo a combater a caça furtiva.
Em Moçambique, as populações que vivem em redor dos parques e reservas beneficiam de 20% das receitas geradas nas respectivas áreas.
As áreas de conservação produziram em 2017 receitas que atingiram um montante equivalente a cerca de um milhão e quatrocentos mil euros, representando um aumento de 30% comparativamente aos dois anos anteriores.
O diretor-geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação em Moçambique, Mateus Mutemba, reconhece que a problemática da caça furtiva está no topo da agenda, mas refere que este "já é um problema que é abordado de forma multissectorial". "Há intervenções que estão a ser feitas quer do ponto de vista de educação e sensibilização como também intervenções que estão orientadas para a aplicação da lei", sublinha.