Ucrânia domina último dia da cimeira do G7
21 de maio de 2023Embora a Ucrânia não seja um dos países membros do G7, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky roubou grande parte das atenções do último dia da cimeira de três dias, que teve lugar na cidade japonesa de Hiroshima.
Durante o seu discurso, esta manhã, Zelensky reiterou a importância de o mundo ouvir o povo ucraniano apelar à "união" a partir de Hiroxima, uma cidade que foi reconstruída após ter sido atingida por uma bomba nuclear norte-americana em 1945.
Por sua vez, o primeiro-ministro japonês e anfitrião da cimeira, Fumio Kishida, expressou o seu "sincero respeito pela coragem e perseverança do povo ucraniano, que superou o inverno rigoroso e se uniu diante da agressão russa" e reiterou que o G7manterá "o seu compromisso inabalável de fornecer assistência diplomática, financeira, humanitária e militar à Ucrânia".
Zelensky aterrou em Hiroshima, no sábado, em busca de apoio para o seu país. Parte este domingo com a promessa de mais apoio por parte dos líderes dos sete países mais industrializados do mundo.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou mesmo um novo pacote de ajuda militar ao país. Biden não especificou o valor do novo pacote, mas um alto funcionário norte-americano disse à agência EFE que este inclui armas, carros blindados e munições e está avaliado em 347 milhões de euros. O anúncio ocorre dias depois de Joe Biden ter autorizado os aliados de Washington a fornecer caças norte-americanos F-16 à Ucrânia.
Em conferência de imprensa, após o encontro com o Presidente ucraniano, Biden explicou que Zelensky lhe garantiu que não usará os caças F-16 contra alvos em território russo.
"Tenho uma garantia total de Zelensky de que não os vão usar contra a Rússia no seu território geográfico. Outra coisa é se as tropas russas estiverem dentro da área da Ucrânia", disse o líder norte-americano.
Zelensky agradeceu a Biden a nova ajuda militar e por estar "ombro a ombro" com ele face à invasão russa da Ucrânia, segundo a EFE.
O líder ucraniano foi o convidado surpresa da cimeira do grupo das sete democracias mais desenvolvidas, que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a União Europeia (UE).
"Espetáculo de propaganda"
Em comunicado, Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia disse hoje que a presença do Presidente ucraniano no G7 transformou a cimeira das sete democracias mais industrializadas do mundo num "espetáculo de propaganda" que transmitiu mensagens antirrussas e antichinesas.
"Os líderes do G7 convidaram o líder do regime de Kiev que eles controlam para a sua reunião e transformaram o evento de Hiroxima num espetáculo de propaganda", lê-se no documento.
"A principal conclusão desta cimeira foi uma série de anúncios cheios de ódio antirrusso e antichinês", acrescentou.
O G7, salientou, tornou-se "uma incubadora para desenvolver, sob a liderança anglo-saxónica, iniciativas destrutivas que colocam em risco a estabilidade global".
Durante a cimeira de três dias, os líderes do G7 apelaram à China para pressionar a Rússia a parar a guerra contra a Ucrânia, ao mesmo tempo que afirmaram querer relações "construtivas e estáveis" com Pequim.
O objetivo dos membros do G7 era reiterar o seu apoio à integridade e soberania da Ucrânia e conseguir que países convidados como Brasil ou Índia se juntassem à defesa desses princípios contidos na Carta das Nações Unidas.
Todas as potências emergentes que estiveram em Hiroxima, incluindo a Índia e o Brasil, "apoiam o princípio da soberania" e dizem que o conflito "deve terminar pacificamente", segundo afirmou o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, em conferência de imprensa.
Encontro com Lula da Silva
Quando questionado, este domingo, qual a razão de não se ter encontrado com o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, à margem da cimeira, como aconteceu com outros, Volodymyr Zelensky afirmou que "não houve passos" por parte de Lula.
"Estive em contacto com certos líderes, mas não houve nenhuma providência da parte deles", disse o Presidente ucraniano, que também deu a entender que pode ter sido por problemas de agenda.
Reunido com o secretário-geral da ONU, António Guterres, à margem da cimeira, o Presidente brasileiro defendeu, este domingo, que a guerra entre Rússia e Ucrânia "deveria ser discutida" no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Segundo o comunicado divulgado pela Presidência, para Lula, o fato de que o conflito não está sendo tratado no Conselho de Segurança da ONU demonstra a necessidade de reformar o órgão.