Ucranianos na Polónia: A difícil fuga à invasão russa
2 de março de 2022Estamos na fronteira da Polónia com a Ucrânia. Cada vez mais refugiados chegam aqui, à estação de comboios de Przemysl, do lado polaco. Esta é a última paragem do comboio que vem da cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia. Os cidadãos ucranianos e outros que vivem na Ucrânia fogem da invasão russa. Passam muitas horas no caminho.
"É difícil sair. Muito difícil. Especialmente para as crianças pequenas. Mas conseguimos, de alguma forma, e estamos aqui. Estou contente pelas crianças, mas preocupada pelos meus familiares que decidiram ficar na Ucrânia", conta Lilya, uma jovem ucraniana que conseguiu chegar ao país vizinho.
A Polónia já acolheu mais de 540 mil refugiados desde o início do conflito, na semana passada. A maioria são mulheres, crianças e idosos. Homens ucranianos entre os 18 e 60 anos não podem sair do país, porque vigora a lei marcial. Os que chegam culpam o Presidente russo, Vladimir Putin, por trazer a guerra de volta para a Europa.
"Estamos muito gratos ao povo polaco, que está a ajudar os ucranianos. Mas Putin é um homem doentio. Há alguma coisa de errado com ele. Se fosse esperto, não teria começado uma guerra, estamos a viver no século XXI", lamenta Anna.
Compaixão e medo
A estação de comboios está atarefada, mas há pessoas a tentar ajudar em todo o lado. Os voluntários dão aos refugiados comida, água, sumos e coisas que possam ser úteis - fraldas, pasta de dentes, papel higiénico. Num pavilhão, há camas preparadas para os ucranianos descansarem e passarem a noite.
Fora da estação, há voluntários que oferecem boleias a quem chega e levam os refugiados até Katowice, Cracóvia ou Berlim. Marcin é um deles: "Posso dar boleia a três pessoas, por exemplo, uma mulher e duas crianças. Sou capaz e estou disposto a ajudar".
A Polónia está bem preparada para a enchente de pessoas. Há várias semanas que estão a ser preparados os centros de ajuda. Natalia Kertyczak trabalha num desses centros: "Se estas pessoas não têm família para tomar conta delas, são registadas quando chegam. O Governo já organizou transporte para elas. Podem também ficar aqui durante a noite, ou pelo tempo que quiserem", explica.
A guerra fica a apenas alguns quilómetros de distância. As pessoas aqui estão conscientes disso. Para muitos, a compaixão para com os refugiados mistura-se com o medo do que poderá vir depois.