Ucrânia: Número de refugiados ultrapassa os dois milhões
8 de março de 2022O número de pessoas que fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, ultrapassou, esta terça-feira, os dois milhões.
Os números foram atualizados pelo chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) Filippo Grandi que, numa conferência de imprensa em Oslo, após uma visita à Roménia, Moldova e Polónia, elogiou, esta terça-feira, a receção exemplar oferecida pelos três países aos refugiados.
"É possível que, se a guerra continuar (...), comecemos a ver pessoas sem recursos ou ligações, e será um problema mais difícil para os países europeus. Haverá necessidade de mais solidariedade por parte de todos na Europa e fora dela", alertou.
Também em declarações, esta terça-feira, o diretor-geral da Organização Internacional de Migrações (OIM) afirmou que o número de refugiados ucranianos já ultrapassou todas as perspetivas mais pessimistas.
"Podemos dizer que estes primeiros 12 dias ultrapassaram as perspetivas mais pessimistas que nós tínhamos", admitiu António Vitorino, em entrevista à agência Lusa.
Segundo o responsável da agência das Nações Unidas, esta "é a mais significativa vaga de refugiados, superior àquela que se verificou em 2015 com a chegada dos sírios, através da Grécia, aos países da Europa Central e superior, decerto àquela que se verificou no final dos anos 90 do século passado, com a guerra nos Balcãs e a desagregação da ex-Jugoslávia".
Com cada vez mais pessoas a fugir da guerra, Vitorino reconhece que "a intensificação dos combates na Ucrânia" pode provocar "uma segunda vaga de chegadas [aos países da União Europeia] muito em breve".
Violação do cessar-fogo
Após várias tentativas falhadas, a Rússia prometeu, na manhã desta terça-feira, abrir corredores humanitários para permitir que milhares de civis fugissem das principais cidades da Ucrânia.
No entanto, o Governo da Ucrânia já veio dizer que as tropas russas violaram o cessar-fogo em Mariupol, tendo lançado um ataque na direção do corredor humanitário.
"O inimigo lançou um ataque exatamente na direção do corredor humanitário", denunciou o Ministério da Defesa na rede social Facebook, citado pela agência francesa AFP.
O ministério liderado por Oleksii Reznikov disse que o exército russo "não deixou que crianças, mulheres e idosos abandonassem a cidade".
A mesma denúncia foi feita pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia no Twitter.
Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, denunciou que "há relatos muito credíveis de civis a ser atacados enquanto tentam fugir" da Ucrânia.
"Alvejar civis é um crime de guerra e é totalmente inaceitável", acrescentou, referindo-se ao impacto humanitário "devastador" da invasão russa.
"Precisamos de corredores humanitários reais, que sejam totalmente respeitados", acrescentou Stoltenberg, que se mostrou empenhado em evitar que o conflito militar se espalhe para além da Ucrânia.