1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaNigéria

União Africana saúda eleições na Nigéria

Lusa
28 de fevereiro de 2023

A União Africana diz que eleições na Nigéria se realizaram em "ambiente transparente", mas lamenta existência de uma única candidata feminina às presidenciais e numerosos atrasos.

https://p.dw.com/p/4O4SD
Nigeria | Nach den Wahlen | Mahmood Yakubu
Foto: Kola Sulaimon/AFP/Getty Images

A missão da União Africana (UA) que observou as eleições gerais da Nigéria este sábado considerou que estas se realizaram num "ambiente transparente e pacífico", apesar de alguns "incidentes isolados", e lamentou a existência de numerosos atrasos.

"A missão observou que apesar do difícil ambiente económico, operacional e de segurança, as eleições foram geralmente bem administradas, numa atmosfera transparente e pacífica", afirmou o ex-presidente queniano e chefe da missão da UA na Nigéria, Uhuru Kenyatta, numa declaração publicada hoje (28.02) no portal da organização pan-africana na internet.

Kenyatta lamentou que até 83% das mesas de voto inspecionadas por equipas da UA tenham aberto com atrasos, "devido à chegada tardia dos funcionários de votação e dos materiais de votação, bem como à lenta instalação" de tecnologia concebida para evitar possíveis irregularidades.

Problemas técnicos?

Um dos problemas que dificultou as eleições foi uma "crise de dinheiro" em espécie, causada pela decisão do Governo nigeriano de renovar as notas antigas de naira, a moeda local nigeriana, que se deixaram de circular em 10 de fevereiro.

 "Embora reconhecendo o espírito positivo da renovação da naira, a missão observou que o momento da sua implementação teve impacto na economia, bem como nas operações logísticas da CENI, na campanha eleitoral, e na observação eleitoral, entre outras", disse Kenyatta.

 O relatório da UA foi divulgado no contexto de queixas de vários partidos da oposição, que rejeitaram os primeiros resultados das eleições porque a transmissão eletrónica das contagens das mesas de voto não pôde ser totalmente realizada, o que a CENI atribuiu a "problemas técnicos".

Eleições na Nigéria: O que os jovens querem

Kenyatta instou "todos os intervenientes a manterem o compromisso com o Estado de direito e os princípios democráticos até à conclusão do processo (eleitoral)" e a "utilizarem os canais legalmente estabelecidos" para expressar as suas queixas.

O ex-presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo (1999-2007), que apelou ao Presidente cessante, Muhammadu Buhari, para anular as eleições e repeti-las, questionou a autenticidade dos resultados até agora fornecidos pela CENI, que colocam na liderança o candidato do partido no poder. 

Mulheres na corrida

O chefe da missão lamentou também o baixo número de mulheres candidatas que concorreram às eleições gerais (presidenciais e duas câmaras do parlamento nigeriano), apesar de 47,5% dos mais de 93,4 milhões de eleitores registados pela Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI) serem mulheres.

"Havia apenas uma candidata feminina às presidenciais. E apenas 8,4% e 9,2% dos candidatos aos assentos no Senado (câmara alta) e na Câmara dos Representantes (câmara baixa) eram mulheres", de acordo com o relatório preliminar da UA.

Nigeria | Wahltag
Havia apenas uma candidata feminina às presidenciais.Foto: Uwais Abubakar Idris/DW

A corrida ao poder

Dezoito candidatos concorreram à presidência do país, mas as sondagens indicam que apenas três têm hipóteses de vencer: Bola Tinubu, do All Progressives Congress (APC, no poder), Atiku Abubakar, do Partido Democrático Popular (PDP) e Peter Obi, do Partido Trabalhista.

Um candidato apenas será eleito à primeira volta se obtiver, além de uma maioria dos votos expressos, pelo menos 25% dos votos em dois terços dos 36 estados da federação mais o Território de Abuja. Se este resultado não for alcançado, o que seria uma estreia desde o fim da ditadura militar em 1999, será realizada uma segunda volta no prazo de 21 dias.

O sucessor de Buhari herdará uma nação flagelada pela insegurança crescente em algumas partes do país, palcos de ataques constantes de bandos criminosos, raptos de civis para obtenção de resgates, grupos jihadistas, combates intercomunitários, e rebeldes pró-independentistas.

O próximo líder da administração do país terá ainda de fazer por conter a inflação desenfreada e as elevadas taxas de desemprego, apesar do estatuto da Nigéria como principal produtor de petróleo de África e a maior economia do continente.

Nigéria: Jovens tentam restaurar confiança no voto