União Europeia confirma pedido de mediação da RENAMO
1 de março de 2016Federica Mogherini, alta representate da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e vice-presidente da Comissão Europeia, visitou Maputo na última semana de fevereiro e segundo avançou o jornal Mediafax , na sua edição de segunda-feira (29.02.), houve um pedido da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) à União Europeia para a mediação da crise polítcia e militar que se vive em Moçambique.
Entretento, fonte diplomática jcomunitária já confirmou à agência de notícias Lusa que houve de facto esse pedido por parte da RENAMO. Durante a visita, Federica Mogherini alertou que a instabilidade política em Moçambique ameaça os sucessos alcançados no país nas últimas décadas e considerou decisiva a recuperação de uma dinâmica de reconciliação.
Para além da União Europeia, a RENAMO já teria pedido mediação ao Presidente da África do Sul, Jacob Zuma e à Igreja Católica.
Governo e RENAMO: para quando o diálogo?
Filipe Nyusi, presidente de Moçambique, diz estar aberto ao diálogo com a RENAMO, mas "sem pré-condições". No entanto, Afonso Dhlakama, líder do principal partido da oposição, manifestou esta terça-feira (01.03), em comunicado, a sua disponibilidade para negociar uma saída para a crise política em Moçambique mas relembra a condição: é necessário que a RENAMO possa tomar o poder nas seis províncias onde reclama vitória eleitoral nas últimas eleições gerais. "A presidência da RENAMO reitera a sua disponibilidade para negociar com o Governo da FRELIMO uma solução definitiva para a atual crise político-militar, que já provocou milhares de refugiados", pode ler-se no comunicado emitido pela RENAMO.
No mesmo documento é ainda reafirmado que "o processo de implantação da governação da RENAMO é irreversível e será implementado ainda este mês de março". No entanto, o maior partido da oposição admite tomar medidas de forma pacífica e em resposta aos apelos populares.
O partido da oposição insiste em concretizar o seu plano de governação das províncias de Niassa, Nampula, Zambézia, Tete, Manica e Sofala, "apesar das incursões militares, dos raptos e assassínios de membros da RENAMO e da destruição de habitações e celeiros de cidadãos moçambicanos, principalmente nas províncias de Manica e Tete, perpetradas pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique".
Apesar de não haver uma confirmação oficial do secretariado do Conselho de Estado, a agência de notícias Lusa avança que Filipe Nyusi terá convocado para quarta-feira (02.03) uma reunião do Conselho de Estado, o primeiro desde que tomou posse, em janeiro de 2015.
Ainda assim, e como a reunião coincide com uma sessão de perguntas ao Governo pela Assembleia da República, poderá vir a ser adiada.
"Estamos a falhar no compromisso do Estado de Direito"
Tomás Timbane, bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, disse hoje (01.03.) em Maputo, durante o discurso de abertura do ano judicial, que o país vive um clima de guerra que já ninguém disfarça. "Os nossos corações só podem estar feridos com o clima de guerra que já ninguém disfarça. Quando um partido político se arma e combate o Estado, é sinal de que estamos a falhar no que é essencial. Estamos a falhar no compromisso com o Estado de Direito", afirmou Tomás Timbane, referindo-se aos confrontos entre as forças de defesa e segurança moçambicanas e o braço armado da RENAMO.
O bastonário enfatizou ainda que a instabilidade em Moçambique destrói o país e atrasa as conquistas que o país foi conseguindo ao longo dos anos.