União Europeia enviará missão de formadores ao Mali
20 de novembro de 2012Segundo a iniciativa da UE, decidida na reunião de Bruxelas dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros, a missão de formadores europeus deverá ser composta por cerca de 250 elementos que deverão ficar num acampamento nas imediações da capital maliana, Bamako. A tarefa será de treinar e formar, já a partir de janeiro de 2013, quatro batalhões de 650 soldados malianos, por um período de seis meses.
Para Catherine Ashton,chefe da diplomacia da UE, a decisão justifica-se pela degradação da situação humanitária na qual os malianos se encontram mergulhados, uma das consequências da crise política e de segurança que o país vive atualmente. "Estamos muito preocupados com a degradação da situação no Mali e nomeadamente da situação humanitária, que piora", disse Ashton, nesta terça-feira (20.11).
"Estamos determinados a ajudar o Mali. O Conselho apelou a todas as partes a elaborarem um plano de ação com vista a uma transição rápida. Isso permite a retomada da cooperação ao desenvolvimento. O quadro do restabelecimento da segurança será definido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas", informou ainda a chefe da diplomacia europeia.
Entretanto, em Bamako, a notícia concernente ao envio de uma equipa de formadores europeus foi bem acolhida, como esta do capitão Modibo Traoré, oficial das Relações Públicas das Forças Armadas malianas: "Recebemos com muita satisfação a notícia porque o exército que temos necessita de apoios financeiros, mas principalmente de uma formação séria e boa para podermos reconquistar o norte do país", afirmou Traoré. "Contrariamente a muitos exércitos africanos, na verdade já existe uma base de formação no exército maliano porque tem no seu seio vários quadros que frequentaram estágios em muitos países do mundo. Mas atualmente a situação exige muito mais dos nossos soldados", constatou.
Missão limitada?
Segundo o plano da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a intervenção no norte do Mali deverá ser assegurada por 3.300 soldados de países ocidentais africanos, um efetivo considerado limitado por alguns militares ocidentais.
A União Europeia espera, portanto, depois da formação, aumentar o efetivo somente do exército maliano para cerca de 7 mil homens prontos para o combate.
Mas o projeto ainda se encontra na sua fase de elaboração. Segundo um responsável europeu, muitos detalhes devem ser ainda esclarecidos, nomeadamente a questão da segurança dos formadores que serão enviados para o Mali. Enfim, o orçamento da missão europeia é calculado à volta de cinco a seis milhões de euros, sem contar com os salários dos formadores enviados pelos Estados.
Enquanto isso, os combates entre militantes radicais islâmicos e rebeldes tuaregues na região de Gao, no nordeste do Mali, fizeram várias dezenas de mortos desde sexta-feira (16.11), indicaram esta terça-feira (20.11) fontes locais citadas pelas agências internacionais.
Esses combates tiveram uma maior incidência na zona de Menaka, cidade localizada a leste de Gao, perto da fronteira com o Níger.
Autor: António Rocha
Edição: Renate Krieger