Ómicron impulsiona quarta vaga da Covid-19 na África do Sul
3 de dezembro de 2021A variante Ómicron, que despertou temores globais de um novo surto de infeções, foi detetada pela primeira vez na África Austral no mês passado, e levou Governos de todos os continentes a imporem restrições de viagem e a tomarem outras medidas para conter a proliferação de casos.
O ministro da Saúde sul-africano, Joe Phaahla, disse, esta sexta-feira (03.12), numa conferência de imprensa, que espera que a variante possa ser gerida sem causar muitas mortes. O responsável exortou os sul-africanos a aderirem à vacinação, para que o país consiga gerir a quarta onda sem mais restrições.
"Ainda podemos administrar isto de maneira que o Governo não tenha que impor restrições mais apertadas nos próximos dias, se todos nós apenas cumprirmos os nossos deveres básicos em relação a medidas de segurança, mas também se mais e mais de nós que são elegíveis se vacinarem", disse Phaahla.
Aumento “sem precedentes”
Michelle Groome, cientista-chefe Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD), admitiu, na mesma conferência, que o país enfrenta um "aumento sem precedentes" no número de casos num curto período de tempo por causa da nova estirpe.
As infeções também estão a atingir uma coorte da população mais jovem, o que levou a cientista a pedir o reforço das camas hospitalares nos serviços de pediatria.
Nas admissões hospitalares, "estamos a assistir a um aumento bastante grande em todos os grupos etários, e particularmente nas crianças com menos de cinco anos", acrescentou a especialista em saúde pública Wassila Jassat, também do NICD. "A incidência nos menores de cinco anos é agora a segunda maior, logo atrás dos maiores de 60 anos", declarou a especialista.
O número de casos positivos também está a aumentar entre os jovens de 10-14 anos, sendo que um terço da população sul-africana tem menos de 18 anos. Os cientistas sugerem várias razões possíveis. Os menores de 12 anos não são elegíveis para a vacina na África do Sul, e é possível que, se as crianças não forem vacinadas e os pais não forem vacinados, toda a família seja infetada, explicou Jassat.
Na província de Gauteng, o coração da África do Sul com a metrópole económica de Joanesburgo e a capital administrativa Pretória, o vírus está, atualmente, a espalhar-se mais rapidamente do que em qualquer outro momento da pandemia, declarou Michelle Groome. "Os dados preliminares sugerem que a Ómicron é mais contagiosa", afirmou.
Duplicação de casos no continente
Os cientistas sul-africanos relataram que a hipótese de apanhar Covid-19, apesar dos anticorpos de uma primeira infeção, era três vezes maior com a variante Ómicron, em comparação com as variantes Delta ou Beta.
Na quinta-feira, a África do Sul registou 11.535 novos casos, principalmente em Gauteng. Isto é cinco vezes superior ao número de casos da semana passada, quando cientistas sul-africanos alertaram o resto do mundo para a existência de uma nova variante.
O número de novos casos de Covid-19 em África mais do que duplicou na última semana, muito devido ao aparecimento da nova variante do SARS-CoV-2 na África do Sul, anunciou o África CDC.
A ómicron foi listada como uma "variante de preocupação" pela OMS e os cientistas ainda estão a recolher dados para estabelecer o grau de contagiosidade e perigosidade da infeção.