1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Vendedoras dos mercados de Bissau queixam-se da falta de condições de higiene

Braima Darame (Bissau)20 de agosto de 2013

Bancas montadas no chão junto ao lixo acumulado, água estagnada, barulho e mau cheiro são a descrição habitual dos mercados de Bissau. As centenas de vendedoras queixam-se da exposição diária a um cenário desumano.

https://p.dw.com/p/19Ti7
A sujidade nos mercados de Bissau tem aumentado, já que a Câmara Municipal da capital está sem recursos para fazer a recolha de lixoFoto: Braima Darame

A falta de saneamento e infraestruturas adequadas à condição humana remetem para um cenário que não parece ser do século XXI. Quem o diz é Celestina Cá, uma das centenas de vendedoras de hortaliças numa das mais movimentadas feiras do bairro de Cuntum Madina, na capital guineense.

“Há moscas por todo o lado por causa do mau cheiro e lixo. É realmente nojento estar aqui quando chove, num lugar onde não há casa de banho e onde as pessoas vendem no chão”, lamenta.

Märkte in Guinea-Bissau
Clientes e vendedoras queixam-se de que o mercado é um poço de doençasFoto: Braima Darame

Repositório de doenças

Nos mercados improvisados da Guiné-Bissau, vende-se quase tudo. Desde peixe, fruta, carne, verduras, ervas medicinais, artesanato, roupas usadas e até comida confecionada. Samba Embalo mora a menos de três metros da feira de Cuntum Madina e não tem dúvidas de que o lugar é um repositório de doenças.

“Todos nós sabemos que o que se vende aqui é simplesmente uma doença. E o mais caricato é que ninguém faz nada para mudar o cenário. Depois quando se vai a um hospital procurar tratamento médico pede-se de imediato dinheiro. Nós, funcionários públicos, sem dinheiro há vários meses, como vamos fazer? Temos de nos prevenir”, explica o guineense.

Várias vozes levantam-se para chamar a atenção das autoridades, face ao quotidiano de muitos comerciantes que ganham o pão a trabalhar em locais onde o mau cheiro e o lixo são cartão de visita. A situação tem piorado, já que a Câmara Municipal de Bissau está sem recursos para fazer a recolha de lixo nos mercados.

“É preciso melhorar as condições da feira para se evitar a cólera. Aqui tudo se vende no chão com sujidade. E em tempos de cólera isso é muito perigoso. Pelo menos, coloquem mesas para as mulheres”, reclama Júlia Mancabo, uma das muitas pessoas que passa regularmente pelo mercado e que não se cala na hora de pedir mais condições de higiene para as vendedoras.

A Guiné-Bissau ainda não tem um supermercado ou um mercado de referência. E as vendedoras de frutas e hortaliças são muitas vezes quem leva dinheiro para casa para apoiar as famílias, isto porque os maridos, funcionários do Estado, recebem geralmente o salário com vários meses de atraso, devido às dívidas acumuladas do Governo.

Märkte in Guinea-Bissau
Nos mercados improvisados de Bissau, vende-se quase tudoFoto: Braima Darame

Vendedoras dos mercados de Bissau queixam-se da falta de condições de higiene