Violência continua na República Democrática do Congo
21 de abril de 2017Já são 40 as jazidas descobertas desde agosto na RDC. "A descoberta de mais valas comuns e relatórios denunciando violações e abusos de direitos humanos mostram o horror que ocorreu em Kasai nos últimos nove meses", disse o Alto Comissário para Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Hussein.
O comissário já endereçou um pedido ao Governo congolês "para garantir uma investigação imediata, transparente e independente", anunciou Stephan Dujarric, porta-voz das Organização das Nações Unidas (ONU).
O gatilho dos combates em Kasai foi a morte do chefe tribal Jean Pierre Mpandi, pelas forças de segurança do Governo, o que deu início a uma revolta contra o Presidente Joseph Kabila.
"Os nossos especialistas no local já receberam informações sobre atos de violência e violações de duas mulheres e três meninas por soldados congoleses em Kananga. Os membros das forças de segurança também prenderam 27 pessoas", revelou Elizabeth Throssell, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.
Segundo Elizabeth Throssell, a milícias de Kamuina Nsapu recrutaram centenas de crianças-soldado e destruíram várias instituições públicas, como hospitais, escolas, postos de polícia e igrejas. O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos exige "livre acesso às valas comuns e às testemunhas que foram presas".
Refugiados em Angola
Os confrontos em curso entre as forças de segurança e as milícias locais provocaram mais de 400 mortos, incluindo o assassinato de dois trabalhadores das Nações Unidas. A contenda também já provocou 200 mil deslocados.
A Angola não param de chegar refugiados congoleses que fogem do conflito interno. Procuram sobretudo abrigo na província da Lunda-Norte, onde esta semana quase 12 mil pessoas já pernoitam no Centro de Acolhimento de Mussungue.
O comandante-geral da Polícia Nacional angolana, o comissário Ambrósio de Lemos, ordenou ações dereforço do patrulhamento na fronteira com a RDC, para evitar a penetração de grupos armados.
Através da MONUSCO, a ONU tem 15 mil soldados na RDC. Um orçamento anual de mais de mil milhões de dólares alimenta esta missão de paz, tornando-a a mais cara de sempre em África.
Ainda assim, a violência no país parece estar a subir de tom, ainda que a ONU esteja a pressionar o Presidente Joseph Kabila a partilhar poder com a oposição, depois do fim legal do seu mandato enquanto chefe de Estado.