Violência interpartidária volta a ensombrar futuro do Zimbabué
9 de novembro de 2011Apoiantes do MDC – Movimento para a Mudança Democrática – do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, foram atacados no domingo (06.11), em Harare, durante a realização de um comício, por adeptos do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe.
Os incidentes foram interpretados pela oposição como um sintoma do violento clima pré-eleitoral que se pode viver no país até à realização de novas eleições legislativas, a realizar entre 2012/2013.
Atualmente o governo do Zimbabué é partilhado entre o Zanu-PF, afeto a Mugabe, e o MDC. O governo de coligação foi imposto pela comunidade internacional, em 2009, tendo em vista a pacificação do clima político na ex-colónia britânica.
Polícia acusada de indiferença
Os referidos confrontos saldaram-se pelo espancamento de mais de três dezenas de ativistas do partido da oposição, 22 dos quais foram hospitalizados. Os partidários do Zanu-PF estavam armados de facas e barras de ferro tendo destruído também cinco viaturas e os altifalantes do comício. O secretário-geral do MDC, Tendai Biti, acusou a polícia de indiferença face aos acontecimentos.
"Não é a primeira vez, nem será a última. Os funcionários e os órgãos do Estado, como a polícia, vão continuar com a violência. A polícia não nos protegeu quando os militantes da Zanu-PF destruíram o que era nosso e atacaram os nossos apoiantes", disse Biti.
A polícia, citada pela agência de notícias alemã DPA, terá rejeitado a acusação, garantido que se mantém firme contra a violência. Porém, segundo o relato da DPA, já no fim de semana anterior se tinham registado atos de violência no país.
Tendai Biti, atual ministro das Finanças na coligação MDC/Zanu-PF teme mais derramamento de sangue como antigamente. "Sempre que se aproximavam eleições, era assim. É óbvio que a Zanu-PF, o partido de Robert Mugabe, já se está a preparar para eleições. Eles estão a espalhar o caos e o medo tal como acontecia dantes.”
Zanu-PF promove violência
Entretanto, só desde o passado mês de setembro, o MDC registou nove ataques em eventos do partido. Se a situação se mantiver, diz o seu líder e primeiro-ministro, Tsvangirai, as próximas eleições serão pura hipocrisia. O próprio diz que os zimbabueanos têm de lutar por eleições livres e justas no Zimbabué.
"Esta violência não veio de baixo. Veio de cima. Foram políticos de topo que instigaram os seus adeptos a atacar. Não importa as razões que tiveram”, frisou.
Tsvangirai está convencido de que esta luta pelo poder já tem em vista a sucessão de Robert Mugabe. Há mais de 2 anos, o governo de coligação da ZANU-PF e do MDC tem divergido quanto ao conteúdo de uma futura Constituição que institua um modelo de governação democrático no país.
Autor: Marta Barroso/Pedro Varanda de Castro
Edição: António Rocha