Vulcão mergulha Cabo Verde na inquietude
A erupção do vulcão Pico do Fogo começou no domingo, 23 de novembro de 2014. A última, em abril de 1995, durou quase dois meses. As autoridades já falam de danos materiais avultados.
Deslumbrante e assustador
A erupção do vulcão na ilha do Fogo de novembro de 2014 tem sido acompanhada por fortes explosões e torrentes de lava e cinzas. Se o espetáculo é fascinante, a verdade é que a erupção ameaça a subsistência de muitos habitantes das localidades atingidas.
Abertura de caminhos
As lavas cortaram todas as vias de acesso a Chã das Caldeiras. As autoridades locais mobilizaram tratores para desobstruir as estradas, a fim da garantir a mobilidade dos moradores. Segundo disse à DW África o presidente da Câmara de São Filipe, Luís Pires: "Há que providenciar alojamento, alimentação, cuidados de saúde e escola para as crianças".
A população está assustada
Quando começaram as explosões, os habitantes de Chã das Caldeiras transportaram para as zonas mais altas os seus eletrodomésticos e outros pertences. Com medo do furto e das lavas, refugiaram-se em lugares que lhes pareciam mais seguros, e optaram por dormir ao relento, apesar do frio.
Um vái-vem de carrinhas
Cerca de mil pessoas tiveram que ser evacuadas. Nem todas conseguiram levar os seus pertences consigo. Mas muitas regressam às localidades ameaçadas, para retirar os seus bens. Carrinhas de caixa aberta e camiões transportam todo o recheio interior das casas, e muitas vezes partes das casas, como portas e janelas. Quem pode, leva também o seu gado.
Preocupação com a segurança
Houve registo de assaltos a casas abandonadas. As autoridades reagiram, reforçando a polícia local e enviando cerca de trinta militares para a zona da erupção, com o fim de proteger os haveres dos habitantes. Segundo o presidente da Câmara de São Filipe, Luís Pires, alguns habitantes, conhecedores profundos da região, permanecem no local para apoiar as forças de segurança.
A lava já destruiu edifícios
A sede do Parque Natural da ilha do Fogo, erigida com assistência financeira da Alemanha, foi parcialmente destruida. Segundo os responsáveis, foi, no entanto, possível, salvar o seu recheio, nomeadamente computadores e mobiliário. A periferia do parque foi igualmente afetada, mas as plantas endémicas para já não correm perigo.
Temperaturas elevadas
Para além da erupção provocar temperaturas elevadas, nocivas ao ser humano, a emissão de gases, dióxido de enxofre, fumaças e uma forte “chuva” de areia fina atingiram altitudes elevadíssimas, tendo chegado às ilhas de São Vicente e São Nicolau. A erupção afetou também a aviação civil.
Catástrofe
A actividade sísmica no Fogo está a provocar fissuras em diversos pontos da ilha, o que preocupa especialistas e população. Acresce que, na noite de quinta-feira, 27 de novembro, se registou uma intensificação da atividade vulcânica. O Governo de Cabo Verde anunciou, entretanto, contar com a assistência da diáspora cabo-verdiana e da comunidade internacional para fazer face a esta "catátrofe".
Impacto económico negativo
Depois da seca, agora é a lava que ameaça as colheitas. Ainda não há um balanço dos danos causados pelo vulcão, mas o presidente da Câmara, Luís Pires, avançou à DW África, que só nos primeiros dias, os estragos foram equivalentes aos dois meses que durou a erupção anterior. Foram já destruídas 15 residências na localidade de Portela e 14 cisternas de água.