Empresas subcontratadas pela Total com pagamentos pendentes
29 de dezembro de 2021As constatações resultam de uma avaliação feita pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), um trabalho que começou em março, mês em que a Total suspendeu as suas operações para exploração de gás em Palma, na sequência de ataques de grupos rebeldes à região.
Segundo uma nota divulgada na página da CTA, um dos principais entraves no processo de pagamento das empresas pela Total está ligado a dificuldades no reconhecimento da natureza contratual entre a multinacional e as companhias moçambicanas em questão.
"A CTA reitera a necessidade de aceleração do processo de pagamento das faturas pendentes devido à situação financeira débil em que muitas empresas moçambicanas se encontram e pela necessidade de injeção de liquidez que as mesmas precisam neste momento crítico, em que ainda se deparam com os impactos da pandemia de covid-19", refere a CTA, que acrescenta que está em contacto permanente com a multinacional.
Trabalhos suspensos desde março
A petrolífera francesa Total, líder do projeto da Área 1 no norte de Moçambique, suspendeu os trabalhos na instalação perto de Palma a 24 de março, no dia em que a cidade foi atacada pelos insurgentes, e um mês depois anunciou a suspensão de todo o projeto por tempo indeterminado.
Avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, o megaprojeto de extração de gás da Total é o maior investimento privado em curso em África, suportado por diversas instituições financeiras internacionais e prevê a construção de unidades industriais e uma nova cidade entre Palma e a península de Afungi.
A primeira exportação de gás liquefeito está prevista para 2024, o mesmo ano em que a despesa de Moçambique em servir a dívida pública conhecerá um aumento significativo, resultante do adiamento da subida dos juros para o ano em que as receitas deveriam aumentar por via das exportações de gás.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.