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Zambézia: Mau atendimento nos hospitais e centros de saúde

5 de março de 2018

Em Moçambique, doentes reclamam do tratamento nos centros de saúde. Governo quer instalar câmaras para tentar contornar o problema.

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Gesundheitszentrum Bonifácio Gruveta, Zambézia, Mosambik
Centro de saúde Bonifácio Gruveta-Alto, na Zambézia.Foto: DW/M.Mueia

Há muitas queixas e reclamações devido ao mau atendimento aos doentes nos serviços de saúde da província da Zambézia, em Moçambique. As autoridades querem colocar câmaras de vigilância nas unidades sanitárias para reduzir as reclamações. Os cidadãos aprovam a iniciativa, mas afirmam que não é suficiente para resolver o problema.

O atendimento, classificado pelos doentes como maus tratos, faz com que muitos recorram a farmácias privadas para comprar medicamentos ou mesmo desistam de procurar as unidades sanitárias.

Monteiro José, de 47 anos, residente em Quelimane, é uma destas pessoas. "As pessoas estão a morrer, a pessoa fica no hospital internada dois ou três dias e vai embora. A gente fica com medo, preferível ficar em casa, morrer ou salvar-se lá mesmo”, explica.

Supervisão com câmaras e rondas

Zambézia: Mau atendimento nos hospitais e centros de saúde

O Governo da província aprovou há dias uma medida para combater o problema. Todas as unidades sanitárias terão de ter câmaras de vigilância para controlar os funcionários da saúde que maltratam os doentes.

O diretor provincial de saúde da Zambézia, Hidayat Kassim, não revela números exatos de queixas registadas nas unidades sanitárias, mas não admite que sejam casos são frequentes.

Uma medida que, segundo Hidayat Kassim, vai melhorar o atendimento e diminuir as queixas. "Nós já decidimos que vamos aumentar rondas ao nível dos nossos hospitais. Essas rondas serão no período noturno e aos fins de semana para controlar esses casos esporádicos”, afirma o diretor.

Mosambik Emilio de Barros, Zambezia
Emílio De Barros, morador da província da ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

Emílio De Barros, morador da província da Zambézia, diz que o mau atendimento nos hospitais, é uma realidade que não deve acabar com a colocação de câmaras de vigilância e pede a penalização dos funcionários responsáveis. Conta à DW o que viveu quando precisou de atendimento.  "Não estou a ofender o estado da saúde na província, mesmo nos distritos há mau atendimento. Já aconteceu comigo. Fiquei com diarreias, fui a um posto de saúde e não fui atendido. Acabei desistindo e fui para uma outra unidade sanitária”, lembra.

Outro morador da província, que pede anonimato, também aprova a colocação de câmaras de segurança nos centros de saúde e hospitais, mas acha que a medida não será capaz de mudar a atitude dos funcionários.  "O atendimento dos hospitais nos últimos anos não é dos melhores. É normal para médicos ou enfermeiros quando marcam consultas para às sete horas, eles chegam às onze ou doze horas. Isso desgasta sobremaneira o interesse do cidadão, que acaba desistindo”, explica.

Redes sociais atrapalham o andamento do trabalho

Uso do celular durante as horas de trabalho é apontado por Fernanda Chilundo, diretora geral da tecnologias de informação e comunicação em Moçambique, como um dos hábitos que precisam mudar. Pede aos diretores que observem o comportamento dos funcionários. 

Mosambik Fernanda Chilundo, Generaldirektorin für Informations- und Kommunikationstechnologien
Fernanda Chilundo, diretora geral da tecnologias de informação e comunicação em MoçambiqueFoto: DW/M. Mueia

"A pessoa não pode chegar e, ao invés de facilitar ou atender o público estar a usar redes sociais. A função pública não é para isso. Veja o WhatsApp nos tempos livres. Durante as horas de serviço é para atender o cidadão”, explica. "Os diretores devem estar muito atentos e controlar seus subordinados”, completa.

Fernanda Chilundo afirma que não será fácil combater os problemas de qualidade no atendimento. "Este problema enraizou-se! Parece que em Moçambique tudo que é mal enraíza-se facilmente”, lamenta. "O cidadão também tem que queixar aos superiores que na sua instituição está a acontecer isso, se for possível até com provas”, sugere.

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