Zambézia não tem médicos suficientes para a população
7 de abril de 2015Vivem quatro milhões de pessoas na província central da Zambézia, mas só existem 165 médicos, 35 dos quais são estrangeiros. Dos nacionais, apenas cinco são especialistas nas áreas de medicina dentária, pediatria e psiquiatria, e apenas um é cirurgião.
O presidente da Associação de Médicos da Zambézia, José Pires, mostra-se bastante preocupado com a falta de profissionais e alerta para a grande dependência desta região de médicos especializados de Cuba e da Coreia do Sul.
"O número é insuficiente para cobrir a procura. Estamos, infelizmente, com um rácio superior a um médico para 30 mil habitantes. Era ideal que este número fosse inferior a pelo menos dez mil habitantes."
José Pires subinha ainda que a qualidade de prestação dos serviços é maior quando diminui o número de utentes por médico, e que enquanto houver um défice de recursos humanos os serviços de saúde ficarão aquém do desejado.
"A alocação de recursos humanos qualificados em diversas áreas seria uma mais-valia para a população e também iria melhorar a assistência aos pacientes. Não temos, ao nível da província, médicos oncologistas, mas infelizmente continuamos a registar certos casos que precisam de seguimento local", explica.
Dependência de médicos estrangeiros deve ser combatida
Com vista a reduzir a dependência de profissionais estrangeiros, o presidente da Associação dos Médicos alerta para a necessidade de formação de mais médicos nacionais, não só generalistas, mas também especializados em diversos ramos de saúde.
Epifânio Mahagaja, chefe da Direção Provincial de Saúde da Zambézia, aponta a formação de pessoal médico como o principal desafio que o setor de saúde enfrenta para melhorar a qualidade do seu atendimento.
"Os médicos são sempre necessários. É verdade que numa primeira fase vão ser necessários médicos generalistas, mas depois vamos precisar de médicos especialistas: mais ginecologistas e obstetras, mais cirurgiões, mais pediatras, mais dermatologistas, mais oncologistas. Este é um processo contínuo e que o Governo está a encarar com muita seriedade", afirma.
Atualmente, os pacientes com doenças consideradas graves são transferidos para os hospitais centrais da Beira, de Nampula e de Maputo.