Zimbabué: Oposição contesta judicialmente resultados
8 de agosto de 2018"Os resultados anunciados pela comissão eleitoral serão contestados" judicialmente, anunciou em conferência de imprensa, em Harare Thabani Mpofu, advogado do Movimento pela Mudança Democrática (MDC), mas sem revelar quando irá apresentar o recurso ao Tribunal Constitucional.
A oposição tem até esta sexta-feira (10.08) para apresentar o recurso. "Todas as provas de que precisamos estão disponíveis, não haverá dúvidas para todos os cidadãos", referiu o advogado.
O recurso permitirá "mostrar ao mundo o que realmente aconteceu", acrescentou Thabani Mpofu, garantindo que não serão "intimidados" pela repressão. "Não temos medo", assegurou.
Alexander Noyes, analista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais dos EUA, acredita que a ação tem poucas possibilidades de sucesso, tendo em conta a já antiga "tendência de favorecimento" nos tribunais do partido no poder, ZANU-PF.
Tendai Biti detido
O anúncio foi feito no dia em que o dirigente da oposição Tendai Biti foi detido na fronteira com a Zâmbia, de acordo com o seu advogado. Figura importante da oposição e ex-ministro das Finanças do Governo de Unidade Nacional (2009-2013), Biti é procurado pela justiça sob a acusação de "incitamento à violência", segundo o jornal pró-governamental The Chronicle.
Antes do anúncio oficial dos resultados da comissão eleitoral, o dirigente disse que Nelson Chamisa, o candidato do MDC, venceu as eleições, "para além de qualquer dúvida".
A comissão eleitoral proclamou a vitória, com 50,8% dos votos, do atual Presidente, Emmerson Mnangagwa - ex-braço-direito do antigo chefe de Estado Robert Mugabe, que foi forçado a deixar o poder pelo exército em novembro depois de 37 anos no poder.
Segundo os resultados oficiais, Nelson Chamisa obteve 44,3% dos votos, que, no mesmo dia da votação, rejeitou os números, que considerou "falsos e não verificados".
Na semana passada, pelo menos seis pessoas morreram na repressão das manifestações de protesto contra os resultados das eleições presidenciais. Segundo a Human Rights Watch (HRW), após os protestos, as forças de segurança do Zimbabué intensificaram a repressão aos apoiantes da oposição.
Atualizado às 09:40 (CET) 09.08.2018