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PolíticaZimbabué

Zimbabué prepara eleições em plena crise económica

Columbus Mavhunga (Harare)
30 de dezembro de 2022

O Zimbabué atravessa uma crise económica exacerbada pela hiperinflação. Segundo analistas, é improvável que as eleições de 2023 tragam mudanças para melhor.

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Zimbabué eleições
Eleições intercalares em março de 2022Foto: Shaun Jusa/Xinhua/picture alliance

Os partidos políticos do Zimbabué já se encontram em plena campanha para as eleições gerais previstas para 2023, multiplicando comícios e outras atividades para mobilizar as suas bases.

A Comissão Eleitoral do Zimbabué ainda não anunciou a data exata para o escrutínio, mas aponta julho ou agosto como os meses mais prováveis. As eleições de 2018 ocorreram em 31 de julho.

Os principais partidos políticos que concorrem às eleições são a União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF, na sigla inglesa), que está no poder desde a independência em 1980, e a Coligação dos Cidadãos para a Mudança (CCC, na oposição), formada no início deste ano e liderada pelo político veterano Nelson Chamisa.

Protesto da oposição no Zimbabué
O líder da oposição, Nelson Chamisa, ainda não se pronunciou sobre uma nova candidatura à Presidência Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP/picture alliance

Chamisa volta a desafiar Mnangagwa

Nas eleições presidenciais de 2018, o Presidente Emmerson Mnangagwa ganhou 50,8% dos votos. Chamisa, que se candidatou pelo Movimento para a Mudança Democrática (MDC), obteve 44,3%.

Os analistas acreditam que Chamisa, de 44 anos, vai voltar a desafiar Mnangagwa, de 79 anos. A porta-voz da CCC, Fadzayi Mahere, disse à DW ter esperança de que, desta vez, Chamisa ganhe as eleições.

Fé no CCC

"Os cidadãos do Zimbabué depositaram inequivocamente a sua fé no triplo C, o nosso movimento de cidadãos", disse Mahere, acrescentando: "Demonstrámos contra todas as probabilidades que somos uma alternativa competente e credível à ditadura, violência e corrupção da ZANU-PF".

O analista político pró-ZANU-PF, Gibson Nyikadzino, não acredita que a oposição represente uma ameaça ou ofereça uma alternativa ao partido no poder.

"Eles sabem que não têm qualquer hipótese, devido à sua falta de organização estrutural e institucional, que são elementos-chave para garantir a mobilização política e ganhar uma eleição", disse Nyikadzino à DW.

Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa
Analistas preveem a vitória do Presidente Emmerson MnangagwaFoto: Reuters/P. Bulawayo

Apelos para uma eleição livre e justa

Fadzayi Mahere acredita, pelo contrário, que se a eleição se realizasse de forma justa e livre, a ZANU-PF não teria qualquer hipótese de permanecer no poder: "Portanto, continuaremos focados em mobilizar o Zimbabué para a mudança".

Há mais de duas décadas que o Zimbabué é assolado por constante instabilidade. Acresce a hiperinflação, que empobreceu o país outrora próspero.

O Governo está em negociações com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional para obter assistência para liquidar as suas dívidas com instituições financeiras internacionais. A dívida externa do Zimbabué ronda os nove mil milhões de euros.

As expetativas dos eleitores

Moeda de ouro introduzida no Zimbabué
A hiperinflação mergulhou o país numa crise financeira e económicaFoto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP/picture alliance

Nas ruas da capital, Harare, os zimbabueanos dizem que querem um Governo que os ampare na luta diária pela sobrevivência. "Não temos estabilidade na economia, não temos eletricidade, água limpa, e está a tornar-se impossível para mim viver na cidade. Portanto, são essas questões que vou considerar. Não consigo poupar", disse à DW Nyarai Chibwe, um residente de Harare.

O analista político Alexandar Rusero, da Universidade Africana do Zimbabué, não acredita que eleições de 2023 tragam mudanças significativas. "Em África em geral, e no Zimbabué em particular, não chegámos ainda a uma fase em que uma eleição seja realmente importante em termos de mudança provocada por eleitores que procuram uma alternativa que satisfaça as suas aspirações", disse Rusero à DW.

Esta eleição ainda deverá girar em torno da consolidação no poder da ZANU-PF e do Presidente Mnangagwa no poder. "É simplesmente uma eleição que pretende legitimar o domínio de Mnangagwa e a continuidade no Governo do Zimbabué", afirmou Rusero.

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