África do Sul: Secretário-geral do ANC acusado de corrupção
10 de novembro de 2020A ordem de detenção contra Ace Magashule foi emitida esta terça-feira (10.11.20) pela unidade especial de investigação policial ('Hawks'), no âmbito de uma investigação do Ministério Público sul-africano sobre um controverso concurso de obras públicas no valor de mais de 250 milhões de rands (13,5 milhões de euros) na província do Estado Livre, disse o porta-voz policial Lynda Steyn, citado pela imprensa sul-africana.
O alto quadro político do ANC e ex-governador do partido no poder na província do Estado Livre, interior do país, deverá comparecer sexta-feira em tribunal, adiantou.
Pelo menos oito indivíduos, incluindo altos quadros do Governo do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que preside também ao ANC, foram detidos e acusados de fraude e corrupção desde outubro no âmbito da investigação policial em curso naquela província do interior do país.
Os suspeitos encontram-se em liberdade condicional, tendo o principal acusado pagado uma fiança de 500.000 rands (27 mil euros) à justiça sul-africana, segundo a imprensa.
O que diz o ANC?
O Congresso Nacional Africano, no poder desde 1994, disse em comunicado que a organização foi informada pelos meios de comunicação social sobre a ordem de detenção do seu secretário-geral.
"Esta tarde, o secretário-geral aconselhou o movimento de que iria consultar a sua equipa de advogados em como responder da melhor forma aos últimos desenvolvimentos", referiu o porta-voz Pule Mabe, citado pelo portal News24.
"O secretário-geral falou anteriormente sobre a sua prisão iminente e solicitou à sua equipa jurídica que estabelecesse junto das autoridades competentes a validade de tal detenção", adiantou.
O antigo Presidente Jacob Zuma, que liderou o país entre 2009 e 2018, foi pressionado pelo partido no poder a afastar-se antes de terminar o mandato depois de múltiplos escândalos relacionados com corrupção, nomeadamente por envolvimento em operações, supostamente fraudulentas, a favor de um contrato público de aquisição de armamento de mais de dois mil milhões de dólares, em 1999, quando era vice-presidente da República. O caso arrasta-se na justiça sul-africana há 17 anos, desde 2003.