África progride mas não atinge Objetivos do Milénio
7 de junho de 2013
Grande parte dos países africanos introduziu a educação primária universal, avançou na igualdade de direitos dos géneros, e no combate à SIDA, tuberculose e malária. É, pelo menos, o que diz um relatório conjunto da União Africana, das Nações Unidas e do Banco de Desenvolvimento Africano.
Entre as vinte nações que mais avançaram na concretização dos Objetivos do Desenvolvimento do Milénio estão 15 países africanos. E destes, Moçambique, Namíbia, Burkina Faso e Ruanda merecem mesmo um destaque pelos progressps registados, diz Ayodele Odusola, conselheiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD. O Ruanda, acrescenta, foi o país que mais fez pela mulher: "veja o número de mulheres no parlamento: são 56% do total, a percentagem mais elevada do mundo".
Avanços na educação primária universal
Alguns dos objetivos estão interligados. Assim, a igualdade da mulher passa pela educação das meninas. A educação primária universal é um dos objetivos alcançados em quase todo o continente. As medidas tomadas para o conseguir incluíram a oferta de refeições na escola e a redução dos caminhos até ao estabelecimento de ensino. Mas também é importante explicar aos pais porque devem enviar as crianças para a escola, de acordo com Susan Karuti, técnica de educação regional do centro ODM no Columbia Global center de Nairobi, capital do Quénia.
"Temos estruturas como a a associação dos trabalhadores de educação comunal, que vão de porta em porta ou organizam encontros das comunidades", explica a especialista, acrescentando que "a ideia é enviar membros da comunidade que compreendem as famílias e conhece os problemas e necessidades numa determinada comunidade".
Redução da mortalidade maternal e apoio à gravidez
Também a luta contra a SIDA, tuberculose e malária está a revelar-se um êxito,graças a novos medicamentos e mosquiteiros impregnandos com inseticida. Mas, apesar do progresso, África não vai conseguir reduzir para metade a pobreza extrema e a fome. Aqui há que diferenciar, embora seja óbvio que o maior progresso foi obtido por países ricos em recursos naturais.
Embora alguns objetivos não possam ser alcançados até 2015, também noutras áreas a África avançou bastante. Por exemplo, na mortalidade maternal. Segundo o perito da ONU, registou-se uma redução da taxa em 42%, embora o almejado fossem 75%. Iniciativas dignas de menção são aquelas do estado federado de Ondo, na Nigéria, que deu telemóveis a mulheres grávidas, para poderem contactar médicos e enfermeiras a qualquer altura e pedir que as visitem em casa. Moçambique instalou casas de espera para mulheres grávidas. Casas que, segundo Odusola, "se encontram muito perto do hospital. As mulheres vêm dois ou três dias antes da data do parto. E aqui têm medicamentos e tratamento gratuitos".
Odusola diz que mesmo após 2015, África terá que continuar a lutar contra a desigualdade em todas as suas formas: a desigualdade de rendimentos, de géneros, e entre os centros urbanos e as áreas rurais. Os ODM são um canteiro de obras permamentes e a África, conclui o perito, está no bom caminho.