África quer resultados concretos na cimeira do clima
4 de dezembro de 2018A COP 24, a maior e mais importante conferência do clima no mundo, começou oficialmente esta segunda-feira (03.12), em Katowice, na Polónia. Na cimeira das Nações Unidas, governos e representantes de quase 200 países discutem, até 14 de dezembro, as soluções para reforçar o Acordo de Paris, de combate ao aquecimento global.
A primeira-ministra da Namíbia, Saara Amadhila, destacou os problemas que os períodos de seca extrema e de cheias têm provocado no seu país. "A Namíbia é altamente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas, já que a nossa economia depende da agricultura, do turismo e da pesca, que são vulneráveis ao impacto adverso das mudanças climáticas. Continuamos a suportar os efeitos de secas frequentes, que roubam ao nosso povo a sua subsistência, e inundações que destroem as nossas infraestruturas e degradam os nossos solos."
As delegações africanas prometem sair da cimeira deste ano com resultados concretos sobre o Acordo de Paris e ações para combater as mudanças climáticas no continente. "As pessoas estão conscientes do impacto das mudanças climáticas ou dos efeitos adversos no continente africano. Precisamos de recursos e tecnologias. Estamos aqui para fechar o Acordo de Paris e, finalmente, tomar uma decisão final", disse à DW África a ex-ministra do Meio Ambiente da Gâmbia, Fatou Ndege Gaye.
África é o continente mais vulnerável
Logo no início da cimeira, o Banco Mundial anunciou que vai disponibilizar 200 mil milhões de dólares entre 2021 e 2025 para ajudar os países em desenvolvimento com as alterações climáticas.
Além disso, os países desenvolvidos prometeram elevar os gastos públicos e privados anuais para 100 mil milhões de dólares nos países em desenvolvimento até 2020 para combater os impactos das mudanças climáticas. Boa parte destes recursos devem ser investidos em África.
A presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Maria Fernanda Espinosa, lembrou que "África é o continente mais vulnerável no que diz respeito às alterações climáticas", apesar de ser o que menos contribui para o aumento das emissões de CO2.
Por isso, Espinosa pediu aos países em desenvolvimento que intensifiquem e transformem o compromisso em ações. "África tem de estar no centro do financiamento climático, mas também em mecanismos de capacitação e transferência de tecnologia", defendeu. "Temos o desafio de passar pela recém-prometida reposição do fundo verde do clima e esperamos que os países que seguem o exemplo da Alemanha, que se comprometeram com uma grande reposição do fundo, discutam e financiem os recursos para que os países aumentem seus mecanismos de adaptação."
A cimeira do clima tem a missão crucial de encontrar as fórmulas para implementar o Acordo de Paris de 2015, que determina a contenção do aquecimento global com cortes drásticos nas emissões de gases de efeito estufa, a fim de limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5 graus centígrados.