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Ébola na RDC: Angola adota política de tolerância zero perante ameaça eminente

António Rocha (com Lusa e AFP)3 de setembro de 2014

O ébola já matou 31 pessoas na República Democrática do Congo (RDC). O surto preocupa Angola, que tem sete províncias na fronteira com o país.

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Foto: D.Faget/AFP/Getty Images

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ébola encontra-se circunscrito a regiões remotas do noroeste da República Democrática do Congo (RDC).

A epidemia está localizada em Boende, cidade da província do Equador, a 800 quilómetros da capital Kinshasa, uma região em plena floresta equatorial, algo que complica o envio de equipas de saúde e medicamentos, mas que também limita o avanço da doença.

Tolerância zero em Angola

A 25 de agosto, a RDC anunciou que a epidemia do ébola, a sexta na sua história, tinha atingido o país cujo. O primeiro caso foi registado a 11 de agosto. Foi nessa altura que Angola, país vizinho do Congo Democrático, através do ministro da Saúde, José Van-Dúnem, apelou aos profissionais do setor para adotarem uma política de "tolerância zero", envolvendo medidas preventivas para combater a propagação do vírus. Angola passou então a integrar o grupo de países com risco "moderado a alto" de infeção.

Embora as autoridades sanitárias angolanas repitam que no país não há qualquer caso suspeito, Luanda decidiu redobrar e até acelerar a mobilização de equipas para o controlo, alerta e vigilância sanitária, nomeadamente nos postos fronteiriços no norte do país.

Ebola-Virus Guinea
Os casos de infeção pelo vírus ébola não param de aumentar e o número de mortos na RDC subiu nas últimas semanas de 13 para 31Foto: picture alliance/AP Photo

Por outro lado, o maior hospital de Angola, o Hospital Josina Machel, em Luanda, já procedeu aos preparativos para o eventual aparecimento de um caso. Só esta unidade acolhe mais de 1 200 profissionais de saúde.

"Temos os equipamentos de biossegurança e uma série de materiais que são exigidos", garante a diretora clínica do hospital, Mariquinha Venâncio. "Temos quase todas as condições criadas, mas de princípio não queremos que apareçam casos."

Nesse sentido, a médica adianta que "foi identificada uma sala para servir de isolamento para casos suspeitos". Acrescenta que "foram criadas medidas de precaução e proteção individual, como a entrega de material de propaganda para que as pessoas saibam como proceder."

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Diariamente, são atendidas cerca de 500 pessoas nas urgências do Hospital Josina Machel, daí que todo o cuidado seja pouco.

"Tem de se fazer o rastreio e a triagem. A maior parte dos casos vai para as áreas comuns. Até identificarmos quem é quem é um pouco difícil", refere.

"Temos de ter todas as medidas de precaução em vigência, no consultório e na área de triagem, para que não haja o mínimo de contacto entre os pacientes e os profissionais. Vê-se mesmo uma grande preocupação nos profissionais, mas é-lhes transmitida toda a informação para que não entrem em pânico perante casos suspeitos. Têm de tomar todas as medidas de proteção e evitar o contacto com os pacientes. Examinar sim, mas evitar contacto com secreções e outros fluidos do paciente", indica.

Militares preparados no terreno

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Profissionais da organização Médicos Sem Fronteiras vestem o equipamento de proteção para poderem observar casos suspeitos na LibériaFoto: D.Faget /AFP/Getty Images

Segundo as autoridades angolanas, a grande movimentação de pessoas entre Angola e a RDC, através das sete províncias que fazem fronteira terrestre com aquele país, fez com que fossem adotadas várias medidas preventivas, nomeadamente a vigilância das fronteiras com agentes de segurança e militares munidos com elementos de biossegurança.

Com o apertar da segurança, o regresso voluntário dos últimos 30 000 refugiados angolanos na República Democrática do Congo poderá não ficar concluído este ano, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) em Angola.

Desde agosto, chegaram a Angola 651 ex-refugiados em dois comboios. Um número reduzido face aos 29 659 que voluntariamente aceitaram regressar a Angola até finais de 2013.

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