1924: Fim do califado na Turquia
Em seu auge, durante a segunda metade do século 16, o Império Otomano se estendia por todo o Oriente Médio, a partir do atual Iraque, até a Hungria e o Norte da África. Seus regentes haviam assumido os títulos dos califas muçulmanos para ressaltar a supremacia no mundo islâmico. O sultão Suleiman 1º foi o último destes grandes soberanos.
O declínio começou no século 18, com a expulsão dos turcos da Hungria. Mais tarde, eles tiveram que se retirar também do sul da Rússia e, no século 19, seguiram-se partes dos Bálcãs e do Egito. Vários povos começaram a se rebelar, em busca de mais autonomia. Um exemplo foi a sangrenta revolução nos Bálcãs em 1908, que desencadeou o genocídio de 600 mil armênios durante a Primeira Guerra Mundial.
Derrotado na guerra, o aliado da Alemanha teve que assistir como italianos, britânicos, franceses, russos e gregos dividiram entre si pedaços do império em decadência. Alguns territórios foram anexados, outros viraram protetorados e outros, como a Armênia, conquistaram a independência. A extensão definitiva da Turquia foi fixada no Acordo de Lausanne, em 1923.
República e ocidentalização
O apetite dos Aliados pelo poder na Ásia Menor era tão grande, que nada teria restado à atual Turquia, se não fosse a resistência de Mustafá Kemal Atatürk, um general do Império Otomano com larga experiência em guerras. Diversos grupos nacionalistas o ajudaram a evitar a perda completa do território. Os gregos foram expulsos da Ásia Menor em 1922 e, em outubro de 1923, foi proclamada a república, com Ancara como capital.
O sultão Mehmed 6º, que sofria cada vez mais influência dos Aliados, foi pressionado a se asilar no exterior. Mustafá foi eleito presidente e introduziu as reformas que garantiram a ocidentalização da Turquia. Entre as principais, a concessão de direitos às mulheres, a adoção da escrita romana, do calendário gregoriano e do costume ocidental do sobrenome. Em 1926, aboliu-se também a poligamia.
Em 3 de março de 1924, dois anos após o fim do sultanato, a dissolução do califado e a expulsão dos representantes da dinastia pela Assembleia da Turquia, encerraram os 600 anos de poder do Império Otomano.