1960: Chipre tornava-se independente do Reino Unido
Publicado 16 de agosto de 2016Última atualização 16 de agosto de 2019O Chipre, um país fundado por colonos gregos em 1500 a.C. e hoje dividido em dois Estados, já foi dominado por vários povos. A ilha do Mediterrâneo já esteve nas mãos de assírios, egípcios, persas, gregos e romanos, passando em 395 da era cristã para Bizâncio.
Ficou esquecida até 1191, quando foi conquistada por Ricardo 1º (Coração de Leão) da Inglaterra, que a transformou em base para as cruzadas. Nos séculos 13 e 14, esteve sob domínio de Gênova e Veneza.
Historicamente considerada ilha turca, por sua proximidade com o litoral daquele país, o Chipre foi conquistado pela Turquia e incorporado ao Império Otomano em 1571.
Como faziam com outros grupos étnicos de seu território, os otomanos concederam ampla autonomia, sobretudo em questões civis, à maioria da população greco-ortodoxa da ilha. Foi uma tática sábia, porque uma restrição da autonomia desfrutada pela Igreja cipriota desde o Concílio de Éfeso em 431 teria causado tensões.
Do domínio turco para o britânico
O decadente Império Otomano ofereceu repetidamente o controle da ilha ao Reino Unido, que, de fato, assumiu a administração do território em 1878. Para os britânicos, tratava-se de um importante ponto de proteção dos caminhos marítimos para as Índias.
Para Constantinopla, era um reforço contra a ameaça russa. Depois que os turcos se aliaram à Alemanha na Primeira Guerra Mundial, Londres anexou a ilha, transformando-a em colônia em 1925.
O Reino Unido logo se confrontou com o movimento nacionalista grego Enosis, que reivindicava a anexação do Chipre à Grécia, cujo ressurgimento como nação tornou-se um exemplo para muitos cipriotas. Apoiado pela Igreja, o Enosis cresceu e em 1931 provocou violentos distúrbios contra o domínio britânico e a minoria turca.
Um dos líderes políticos da crescente resistência era o arcebispo Macário. Já o comandante do movimento clandestino Eoka, general Georgios Grivas, lançou em 1956 uma violenta campanha militar e terrorista na ilha.
Do terrorismo pela independência aos conflitos étnicos
O terrorismo continuou mesmo depois do início de negociações entre os britânicos e representantes dos grupos étnicos cipriotas. Em 1956, Macário foi deportado para as ilhas Seychelles, acusado de apoiar os terroristas. Dois anos depois, voltou a Atenas, de onde deu continuidade à luta pela independência do Chipre.
Em 1959, o Reino Unido, a Grécia, a Turquia e os líderes cipriotas assinaram um acordo para a fundação da República do Chipre. Em 16 de agosto de 1960, o governador britânico sir Hugh Foot passou o mando a Macário, primeiro presidente eleito do país.
A minoria turca obteve garantias constitucionais em questões importantes. O Tribunal Constitucional foi presidido por um jurista alemão. Não demorou, porém, até eclodir um conflito aberto entre os grupos étnicos.
Os gregos sentiam-se cerceados pelo direito de veto dos turcos, que acabou sendo revogado por Macário. O afastamento total dos turcos do poder em 1963 desencadeou lutas inter-regionais, que só puderam ser contidas pela intervenção do Reino Unido, Grécia e Turquia e o estacionamento de soldados e policiais da ONU na ilha.
Invasão turca e presença militar internacional
Por falta de uma solução para o conflito, as forças da ONU permaneceram muitos anos no país. Em 1967, ocorreram novos confrontos entre gregos e turcos. Macário foi reeleito em 1968 e 1973, mas em 15 julho de 1974, os militares no poder na Grécia decidiram derrubá-lo para anexar a ilha.
Macário escapou por pouco da morte e conseguiu fugir. Cinco dias depois, aproveitando o caos decorrente do golpe, a Turquia invadiu o país a pretexto de proteger os turcos insulares.
A situação se apaziguou, embora a ilha continue dividida. A ONU e a União Europeia se esforçam por um entendimento entre a Grécia e a Turquia.