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29 novembro de 1971

Oliver Ramme (ef)

A polícia alemã é confrontada com um caso inédito na noite de 29 novembro de 1971: o sequestro do dono da cadeia de supermercados Aldi, uma das mais populares do país.

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Rede Aldi pertence aos irmãos Theo e Karl AlbrechtFoto: picture-alliance/ dpa

O proprietário da cadeia alemã de supermercados populares Aldi, Theo Albrecht, deixa o seu escritório no prédio da administração central da empresa, em Herten, por volta das 19h do dia 29 de novembro de 1971.

Ao tentar entrar no seu carro, é dominado por dois homens. Poucas horas depois, perto da meia-noite, soa o telefone na casa da família de Albrecht, em Essen. Sua esposa Cilly, já preocupada com o atraso do marido, ouve uma voz comunicando: "Nós sequestramos o seu esposo. Nada de polícia nem imprensa. A senhora nos ouvirá".

Família amedrontada

Só dois dias depois do sequestro, o Ministério Público e a polícia de Essen foram informados pela família do empresário. Um dos promotores responsáveis pelo caso, Guntram Lauer, esclareceria mais tarde: "Naquela época nós achávamos que os sequestradores faziam parte de uma quadrilha. Seria um plano muito bem bolado e que tínhamos de agir com muita cautela. Nós víamos a vida do refém em perigo".

O Departamento de Polícia de Essen criou uma comissão de investigação de 70 membros. Todos eles tinham algo em comum: nenhuma experiência com casos de sequestro por motivos financeiros. Pois foi esse o primeiro do gênero na Alemanha. Os seqüestradores exigiam um resgate de 7 milhões de marcos.

"Nervos à flor da pele"

Depois de duras negociações, a família do refém chegou a um acordo com os sequestradores sobre a entrega do dinheiro. A polícia recebeu instruções da família para se manter discreta. As negociações com os sequestradores foram dirigidas pelo irmão da vítima, Karl Albrecht.

Bispo como mediador

A família Albrecht cedeu à exigência dos sequestradores para excluir a polícia da entrega do dinheiro, pois temia pela vida de Theo. O bispo da região do Ruhr, Franz Hengstbach, atuou como mediador, levando o dinheiro do resgate aos sequestradores e, em troca, recebendo Theo de volta.

Theo Albrecht, normalmente muito tímido e arredio, falou à imprensa apenas uma vez: "Estou bem de saúde, mas, naturalmente, muito, muito cansado. Foi tudo muito cansativo".

Seqüestradores amadores

A polícia, que tinha sido mantido a distância, esclareceu o caso rapidamente porque os sequestradores se revelaram amadores. A voz de um deles havia sido gravada e transmitida pelo rádio. A seguir, um comerciante de eletrodomésticos se apresentou à polícia de Essen dizendo ter reconhecido a voz de Paul Kron.

Este tinha quitado, no dia anterior, uma dívida com duas notas de 500 marcos. O dinheiro fazia parte do resgate. Kron tinha antecedentes criminais por causa de vários assaltos. Foi preso no mesmo dia.

Advogado envolvido

O cúmplice de Kron era ninguém menos que seu ex-advogado Heinz-Joachim Ollenburg. O assíduo freqüentador de festas e altamente endividado Ollenburg tinha defendido Kron várias vezes em tribunais. Depois disso, o advogado esteve foragido no México, mas a polícia mexicana conseguiu detê-lo e o extraditou para a Alemanha.

Menos de um mês após o repatriamento, em janeiro de 1972, Kron e Ollenburg foram julgados em processo sumário. A Promotoria Pública exigiu uma pena de 12 anos de prisão para cada um, mas Kron e Ollenburg foram condenados a apenas oito anos e meio de cárcere.

Dinheiro apenas parcialmente de volta

Theo Albrecht também enfrentou uma situação difícil. Ele ficou mentalmente marcado pelo sequestro. Além do mais, só recebeu parte do seu dinheiro de volta, pois Kron afirma que, com a exceção de alguns mil marcos, não viu nada do resgate. Seu cúmplice Ollenburg, ao contrário, afirma que tinham dividido o dinheiro meio a meio. Ele devolveu a sua metade do resgate.