1973: Estréia "Rocky Horror Show"
17 de junho de 2004Um corcunda franzino chamado Riff-Raff é o personagem principal do mais escandaloso musical dos anos 70: Rocky-Horror-Show. Numa noite de tempestade, pifa o carro de dois adolescentes norte-americanos – Brad e Janet. Eles buscam socorro num castelo isolado e embarcam num sonho absurdo.
A casa está cheia de alienígenas, os chamados transilvânios do planeta Transsexual, cujo líder, o Dr. Frank N. Furter, um travesti possesso, acaba de construir seu companheiro perfeito à moda de Frankenstein.
Isso não o impede, porém, de introduzir pessoalmente Brad e Janet nas artes amorosas transilvânicas. No final, o castelo decola como nave especial rumo à galáxia de origem. O casal de adolescentes fica em terra, ciente de que não há nada impossível neste mundo.
Rocky Horror Show
é um dos mais intrigantes fenômenos da cultura pop de todos os tempos. Escrito por Richard O'Brien, o musical estreou a 19 de junho de 1973, no Royal Court Theater Upstairs (com 60 lugares), em Londres. "Foi a primeira peça que escrevi. Era como se eu estivesse resolvendo palavras cruzadas ou pintando quadros. Simplesmente compus algumas canções que me agradavam e incluí algumas piadinhas que eu considerava interessantes. Daí imaginei algumas situações e diálogos cômicos do cinema. Foi simplesmente um acaso", disse o autor.Aos 27 anos de idade, Richard O'Brien compôs para a sua história animados rock'n'rolls dos anos 50. O cenário parodia filmes de horror dos anos 20. Riff-Raff parece um Nosferatu do filme homônimo de Friedrich Wilhelm Murnau (1922). Decorações de papelão lembram antigas obras de ficção científica à la Flash Gordon. Os textos parodiam clássicos como King-Kong ou Tarântula. O'Brien, ator de espetáculos musicais desempregado em Londres, apenas compilou lembranças de filmes que vira na infância.
Segundo o próprio Richard O'Brien, inicialmente a elaboração de Rocky Horror Show não passou de um passatempo de artista desempregado nas longas noites de inverno europeu. O projeto começou a se tornar realidade depois ele o apresentou ao seu futuro empregador, o diretor australiano James Sharman (que montou também Hair e Jesus Cristo Superstar).
Sharman levou a peça para o palco, com O'Brien no papel de Riff-Raff. O personagem principal, Frank N. Furter, foi interpretado por Tim Curry, ator que O'Brien conhecia da atuação conjunta no musical Hair. A história cômica e escandalosa teve um sucesso estrondoso, obtendo o prêmio de "Melhor Musical de 1973" na Inglaterra. Isso motivou os produtores a levarem o espetáculo para os Estados Unidos. A apresentação no teatro Roxy, de Los Angeles, convenceu até mesmo os mais críticos espectadores norte-americanos.
Os atores da peça logo tornaram-se famosos. Com o mesmo elenco, James Sharman e Richard O'Brien levaram o musical para o cinema. O filme, que tem Susan Sarandon como Janet Weiss e Meatloaf como Eddie, teve uma estréia fraca em 1975, enquanto as versões do musical conquistavam Los Angeles, Nova York e Sydney, na Austrália. O visual, os atores e a música transformaram o Rocky-Horror Show, na opinião de O'Brien, no "melhor musical de rock'n'roll do mundo".
Foi graças à decisão de uma gerente do Waverly Cinemas, no Greenwich Village, em Nova York, de promover sessões à meia-noite, em 1976, que o Rocky Horror Picture Show começou a ter um público cativo, que acompanhava as falas em clima de festa.
Próximo à época do Halloween daquele ano, pessoas vestidas a caráter se reuniam para as sessões do filme dando início às intervenções "oficiais". Quando Janet reclama da chuva, por exemplo, o público diz: "Compre um guarda-chuva, sua vaca pão-dura!" e abre guarda-chuvas no cinema.
Desde então, Rocky tem sido exibido em grandes capitais do mundo, com fãs chegando a ter assistido ao filme mais de mil vezes. A versão cinematográfica foi lançada em DVD, em 1998, em edição comemorativa aos 25 anos de estréia do musical, alimentando uma "rockymania" que persiste até hoje.