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1º de abril de 1991

Geraldo Hoffman

No dia 1º de abril de 1991, o diretor-presidente da holding estatal alemã Treuhand, Detlev Carsten Rohwedder, 58 anos, foi morto a tiros, em sua residência.

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Rohwedder foi assassinado em sua casa, em DüsseldorfFoto: AP

O assassinato de Detlev Carsten Rohwedder foi um dos últimos atos terroristas atribuídos ao grupo guerrilheiro Facção do Exército Vermelho (RAF). Seu Comando Ulrich Wessel assumiu a autoria do atentado. Sete anos depois, em 20 de abril de 1998, a RAF anunciava sua desmobilização.

Fundada em 1968 por Andreas Baader e Ulrike Meinhof, a organização clandestina executou vários sequestros e atentados, principalmente nas décadas de 1970 e 1980. Ela teve suas raízes na política estudantil dos anos 60 e no movimento contra a guerra do Vietnã, além de inspirar-se no herói da Revolução Cubana Che Guevara. A maioria de seus cerca de 2 mil integrantes era de jovens de classe média.

Em seus 30 anos de existência, o grupo de extrema esquerda assassinou mais de 30 pessoas e levou as instituições alemãs a se tornarem verdadeiras fortalezas. O auge de suas atividades ocorreu em meados dos anos 70. No segundo semestre de 1977, foram mortos o promotor-geral da República, Siegfried Buback, o presidente do Dresdner Bank, Jürgen Ponto, e o presidente da Federação dos Empregadores Alemães, Hanns-Martin Schleyer.

Após a prisão das principais lideranças da RAF, uma nova geração de ativistas executou uma série de atentados contra lideranças políticas e empresariais, até o final dos anos 80. Em maio de 1981, a vítima foi o secretário de Economia do Estado de Hessen, Heinz-Herbert Karry. Seguiram-se a explosão de uma bomba na base aérea norte-americana em Frankfurt, em 1985; os assassinatos do diretor da Siemens Heinz Beckurts e do diretor-presidente do Deutsche Bank Alfred Herrhausen, em 1986 e1989, resectivamente; além de uma rajada de 250 tiros contra a Embaixada dos EUA em Bonn e 1991.

Dissolução do grupo

Não há absoluta certeza de que Detlev Rohwedder tenha sido assassinado pela RAF. Apenas em abril de 1991 a organização renunciou a atentados contra pessoas. Em março de 1993, integrantes do grupo guerrilheiro urbano ainda explodiram uma penitenciária, poucos dias antes da inauguração. Em junho do mesmo ano, a polícia alemã cercou dois presumidos líderes da RAF, Birgit Hogefeld e Wolfgang Grams, na estação ferroviária de Bad Kleinen. Grams e um policial de 25 anos morreram no tiroteio.

Segundo o comunicado de oito páginas enviado pela RAF à sucursal da agência de notícias Reuters, em Bonn, em abril de 1998, a organização "agora faz parte da história". O grupo reconheceu que ações guerrilheiras não eram mais o método adequado para atingir a revolução social pretendida. "Foi um erro estratégico não construir uma organização social e política paralela ao braço ilegal armado", dizia o texto.

Porém, como a RAF já havia anunciado a suspensão de seus atentados em 1992, numa mensagem semelhante, a caça a seus integrantes continuou, mesmo após a "dissolução oficial" de 1998. Num tiroteio em Viena, em 15 novembro de 1999, a polícia austríaca matou Horst Ludwig Meyer e prendeu Andrea Martina Klump, ambos acusados de terem pertencido à organização.