1994: Condenado agente alemão-oriental que espionava a Otan
Publicado 17 de novembro de 2015Última atualização 17 de novembro de 2020Rainer Rupp nasceu no pequeno estado do Sarre, no sudoeste da Alemanha, em 1945. Em 1968, enquanto estudava Economia em Mainz, foi recrutado por agentes do serviço secreto da República Democrática Alemã (RDA), a Alemanha sob regime comunista.
Dois anos mais tarde, conheceu sua futura esposa, a inglesa Ann-Christine Bowen. Como secretária do Ministério da Defesa de seu país, ela fora transferida para a missão britânica no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas, Bélgica.
Tanto Bowen quanto Rupp condenavam o imperialismo americano e a guerra do Vietnã. Ele chegou a revelar a ela sua colaboração para a Stasi, o serviço secreto da RDA. Eles se casaram em 1972 e passaram a espionar juntos, sob os codinomes Topázio e Turquesa.
Como trabalhava num departamento econômico da Otan, Rupp podia transitar pelos corredores da organização levando pilhas de documentos, sem que alguém desconfiasse tratar-se de material ultrassecreto sobre o poderio militar ocidental.
Em casa, o agente fotografava tudo e, ainda no mesmo dia, recolocava as pastas no lugar. "Tudo que era interessante eu copiava", revelou mais tarde. De 1977 até a queda do regime comunista no Leste Alemão em 1989, Topázio copiou planos altamente confidenciais. Foi recompensado com uma mansão num bairro nobre de Bruxelas e mais de 700 mil marcos.
Quase uma guerra
A CIA começou a investigar suas operações, mas só desvendou o caso inteiramente em 1993. Mais tarde, os serviços secretos ocidentais reconheceram que Topázio e sua esposa poderiam ter chegado a causar uma guerra.
No dia do pronunciamento da sentença, em 17 de novembro de 1994, Topázio admitiu ter agido errado e mostrou-se disposto a pagar por isso. Sua esposa, Ann-Christine, foi condenada a 22 meses em liberdade condicional.
Várias personalidades de esquerda da Alemanha, como o escritor Martin Walser, defenderam o agente. Muitos inclusive o visitaram na prisão. Rupp chegou até a ser convidado pelo sucessor do partido único da Alemanha Oriental (SED) para exercer a função de assessor de política de segurança interna e externa. No ano 2000, Rainer Rupp deixou a prisão, passando a dedicar-se ao jornalismo.