A advogada Petra Heinicke, de Munique
16 de julho de 2010A advogada Petra Heinicke, de 50 anos, está sentada em seu ensolarado escritório distante apenas alguns minutos da praça Karlsplatz, em Munique – um dos melhores endereços da cidade. Ela tem em mãos um gravador e dita sentenças como esta: "Retomo a consulta que tivemos na semana passada ao lhe repassar a ata em anexo, com um resumo da nossa conversa".
Para muitas pessoas, o tom pode soar seco e conciso, mas esta mulher de cabelos loiros e curtos e olhos azuis sabe que há vida por trás dessas palavras. O "juridiquês" usado por Petra esconde o destino de vidas humanas: de operários, enfermeiras, padeiros, executivos e muitos outros profissionais.
Gosto pela lógica
Discrição é a lei primeira dos advogados. Por isso, Petra não pode falar sobre casos concretos e prefere contar o que a fascina na profissão: "Quando compro um jornal, desconheço o processo de produção dele. Mas quando defendo empregados ou os donos desse jornal, a minha visão de mundo se amplia, ganha novas facetas".
Petra descobriu ainda na escola o seu interesse pelo pensamento lógico e optou por estudar Direito. "É o que eu mais gosto de fazer: analisar situações". O destino quis que o empregador dela fosse especializado em Direito turístico. Há mais de 20 anos ela defende operadoras turísticas, escreve os termos e condições dos contratos e verifica os textos dos catálogos de viagens.
Rígida, mas justa
Mas o turismo não é o único ponto forte da advogada. Ela se ocupa cada vez mais com o Direito trabalhista. "O desafio é se ajustar a cada pessoa e não dizer 'este é o 50º caso de demissão que eu defendo este ano', mas 'esta é a primeira demissão que essa pessoa enfrenta na vida dela'."
Petra sabe o que é ser demitida. Ela também já perdeu o emprego. Mas conseguiu "se reorientar" e abriu um escritório de advocacia com uma colega. Hoje ela é chefe e tem seus próprios empregados – e é muito estimada por eles.
"Ela é muito simpática, engajada e uma mulher muito rígida", diz uma jovem advogada. Uma secretária acrescenta: "Ela é muito competente do ponto de vista técnico, e de um modo geral uma pessoa amiga. Rígida, mas justa."
Bach e âmbar
Nos últimos meses, a equipe ganhou um novo integrante. "Olá, Oskar!", diz a chefe ao entrar no escritório. Oskar é um cachorro vira-lata que uma das funcionárias traz para o trabalho todos os dias. Petra concorda plenamente com a presença do cachorro – ela adora cães, apesar de não ter um em casa. "Não seria bom para ele, pois a minha vida é muito irregular." O trabalho como advogada não permite uma vida planejada, diz Petra, que além disso ainda se engaja como voluntária.
Petra é divorciada, não tem filhos e mora sozinha na sua residência de três quartos. O visitante logo percebe qual a grande paixão da dona da casa: a sala é cheia de objetos de âmbar. "Peças que eu não consigo evitar", confessa.
Ela gosta de relaxar de trabalho com uma xícara de chá e música. Os favoritos, no momento, são concertos de Bach e jazz sul-americano. Obrigatórios também são livros – não importa se romances policiais, clássicos ou biografias. Um dos títulos em destaque na estante chama-se "Justitia é uma mulher".
Autor: Roman Goncharenko (as)
Revisão: Roselaine Wandscheer