“A cada 25 segundos sai um novo Volkswagen das linhas de produção”
23 de março de 2013A fabricante alemã de automóveis Volkswagem completa, neste sábado (23/03), 60 anos de atividades no Brasil. Em entrevista exclusiva para a DW Brasil, o presidente da Volkswagen no Brasil, Thomas Schmall, destacou a importância do país dentro da meta da multinacional alemã em se tornar a maior e mais inovadora fabricante de automóveis do mundo até 2018.
Schmall contou que a empresa registrou o melhor ano em produção e vendas "de todos os tempos" em 2012, com mais de 850 mil veículos produzidos, sendo 768 mil para o mercado nacional.
Schmall ressaltou ainda que o Brasil vem disputando as primeiras posições no ranking de maiores mercados para o setor automotivo, atrás apenas da China, EUA e Japão. De olho no potencial do consumidor brasileiro, em 2011 a sede anunciou um novo ciclo de investimentos na operação da marca no país, que devem chegar a 8,7 milhões de reais até 2016.
"A Volkswagen do Brasil é a segunda maior operação da marca no mundo, atrás apenas da China", destacou o presidente.
DW Brasil: Neste dia 23 de março, a VW do Brasil comemora seu 60º aniversário. Em sua opinião, qual seria o principal motivo que fez da VW a marca de veículos mais lembrada (Top of Mind) do país?
Thomas Schmall: Acreditamos que são vários os fatores que contribuem para esse reconhecimento. Instalada no Brasil desde 1953, a Volkswagen do Brasil é a maior fabricante de veículos do país, com mais de 20 milhões de veículos produzidos em seus 60 anos de história.
A unidade de São Bernardo do Campo foi a primeira fábrica construída pela Volkswagen fora da Alemanha e dali saíram modelos que se tornaram ícones no cenário brasileiro e que, juntos, garantem à Volkswagen 50 anos de liderança de vendas no mercado nacional: o Fusca, que foi líder de vendas no país por 24 anos, e o Gol, modelo mais vendido no Brasil há 26 anos consecutivos.
Os carros da marca são responsáveis por uma boa fatia da frota circulante do país, que atualmente conta com aproximadamente 35 milhões de veículos. Modelos como Gol, Voyage e Fox se incorporaram à paisagem urbana de grandes e pequenas cidades de todo o país. Os carros, assim como as cerca de 600 concessionárias que temos espalhadas em todas as regiões do país, colaboram para que a marca seja reconhecida e admirada pelos brasileiros.
Também contribui para esse reconhecimento a variedade do nosso portfólio com 22 modelos, que contempla desde o modelo Gol até o luxuoso Touareg, atendendo aos diferentes gostos e necessidades dos consumidores.
Somos também os maiores exportadores do setor automobilístico brasileiro, com mais de 3 milhões de unidades enviadas a 147 países. Atualmente, a Volkswagen do Brasil é a segunda maior operação da marca Volkswagen no mundo, atrás apenas da China.
Em 2012, a VW estabeleceu um recorde de produção no Brasil – mais de 850 mil carros deixaram as esteiras das fábricas. Isso significa um crescimento de 90% frente a 2003. Como o senhor acha que esse crescimento irá se desenvolver nos próximos 10 anos?
Para continuar crescendo no país, o presidente do Grupo Volkswagen no mundo, Martin Winterkorn, anunciou em 2011 um novo ciclo de investimentos na operação brasileira da marca, totalizando 8,7 milhões de reais até 2016, destinados ao desenvolvimento de novos produtos e à ampliação da capacidade de produção no país.
Dentro desse plano, a Volkswagen do Brasil realiza atualmente obras de infraestrutura nas unidades de Taubaté e de São Carlos, que resultarão em aumento de capacidade produtiva. Com investimentos de 427,8 milhões de reais, a nova unidade de pintura em Taubaté estabelece novos padrões de tecnologia e proteção ambiental, e conta com a mais alta tecnologia mundial em equipamentos, tornando-se referência na indústria automobilística brasileira.
As inovações tornam o processo produtivo mais ecológico, permitindo reduções de 30% no consumo de energia e de 20% no consumo de água por veículo produzido, em comparação a um processo de pintura convencional. Outro benefício é que a nova unidade aumentará a capacidade produtiva da fábrica de Taubaté dos cerca de 1.000 veículos/dia atuais para aproximadamente 1.300 unidades diárias, com utilização plena das instalações da fábrica, que produz o Novo Gol e o Novo Voyage.
Em São Carlos, um novo prédio produtivo está sendo construído com investimentos de 335 milhões de reais. O novo empreendimento ampliará a capacidade produtiva de 3.800 motores/dia para 4.800 em 2013, atendendo à demanda do mercado brasileiro e abastecendo as unidades de São Bernardo do Campo, Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), além da fábrica de Pacheco, na Argentina.
Pioneira em novas tecnologias no Brasil, a unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo, implantou os primeiros robôs na linha de montagem em 1984, com o lançamento do Santana e da Quantum. Ela foi a primeira a possuir um centro para crash-tests veiculares, em 1966, e agora inova na aplicação dos recursos da fábrica digital. Essa tecnologia permite fazer simulações virtuais de processos produtivos, instalações e produtos, antes da implementação ou construção física, minimizando custos, otimizando processos e promovendo o desenvolvimento de condições de trabalho ergonômicas.
A unidade de São José dos Pinhais iniciou 2013 como a primeira fábrica da marca no Brasil a produzir 100% dos veículos destinados ao mercado interno equipados com airbags frontais e freios ABS como equipamentos de série, atendendo com antecedência à solicitação da legislação brasileira. Atualmente, os equipamentos estão presentes em todas as versões dos modelos Fox, CrossFox, SpaceFox e Golf.
Em Wolfsburg, o senhor anunciou o fim da produção da Kombi no Brasil em fins de 2013. Como será o modelo substituto?
Ainda não há nenhuma definição sobre o assunto. A Kombi continua a ser produzida normalmente. Gostaria, no entanto, de destacar algumas informações sobre a Kombi, que refletem o sucesso desse veículo, que é o de maior longevidade na história da indústria automotiva mundial.
A Kombi atingiu em 25 de novembro de 2011 a marca de 1,5 milhão de unidades produzidas na fábrica da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo (SP) e acumula mais de 1,4 milhão de unidades vendidas no país desde 1957. Foi o primeiro modelo feito pela marca no mercado nacional.
A VW tem planos de produzir carros de baixo custo no Brasil?
A Volkswagen do Brasil está atenta às demandas de todos os segmentos de atuação no Brasil. Percebemos que um dos segmentos que mais apresentam tendência de crescimento é o de modelos compactos de entrada, no qual já temos grande sucesso com o Gol. Estamos sempre buscando inovações nesse segmento, para atender e superar as expectativas de nossos consumidores.
Em tempos de globalização, como se comporta a estratégia da VW face à nacionalização de produtos? O que diferencia o mercado brasileiro dos demais países emergentes?
A Volkswagen sempre acreditou na importância da nacionalização de seus produtos. Do total dos veículos que comercializamos no Brasil, cerca de 95% são modelos fabricados no país. Esse processo se iniciou com a produção da Kombi, em 1959, o primeiro modelo da marca fabricado inteiramente em território nacional, já com 50% de suas peças e componentes produzidos no país.
O índice médio de nacionalização dos veículos plataformas Brasil e Argentina também tem evoluído nos últimos anos, passando de 75% para 78% em 2011. Como exemplo desse movimento temos o Gol Geração 5, que elevou o índice de nacionalização de peças de 82% em 2008, quando foi lançado, para 86% em 2011.
Com uma produção diária de 3.500 unidades, a Volkswagen conta hoje com três fábricas de automóveis e comerciais leves e uma exclusivamente para produção de motores. A cada 25 segundos sai um novo Volkswagen das linhas de produção. Em 2012, tivemos o nosso melhor ano em produção e vendas de todos os tempos, com mais de 850 mil veículos produzidos, sendo 768 mil para o mercado nacional.
O Brasil vem disputando as primeiras posições no ranking de maiores mercados para o setor automotivo, posicionando-se atrás apenas da China, EUA e Japão. Esse movimento incentiva a chegada de novos players, o que aumenta a concorrência e dá mais alternativas aos consumidores, que passaram a ser cada vez mais exigentes. Diante desse cenário, precisamos nos renovar constantemente, buscando aliar a tradição e qualidade de nossos produtos à inovação.
Quais são os pontos principais da estratégia da VW de se tornar, em 2018, a maior montadora de automóveis do mundo? Que papel exerce o Brasil na Estratégia 2018?
Dentro de sua estratégia “mach 18”, a Volkswagen quer ser não apenas o maior, mas também o fabricante de automóveis mais responsável, inovador e lucrativo do mundo. A Volkswagen do Brasil tem contribuição fundamental para a conquista dessa meta, uma vez que atualmente é o segundo maior mercado da marca no mundo.
Em 2012, a empresa foi responsável pela venda de 768 mil do total de 9 milhões de veículos que o Grupo Volkswagen comercializou em todo o mundo e também é uma das operações com os maiores níveis de sustentabilidade ambiental e social em suas operações, que contribuem com a conquista da meta do grupo de tornar seus processos produtivos 25% mais sustentáveis até 2018.
Desenvolvemos a sustentabilidade como princípio de gestão, equilibrando sucesso comercial a proteção do meio ambiente e responsabilidade social. Alinhada a essa premissa, influenciamos toda a nossa cadeia produtiva, por meio de colaboradores e parceiros de negócio, a minimizar ao máximo os impactos que possamos ocasionar ao meio ambiente.
A Volkswagen também é pioneira no Brasil em projetos de responsabilidade social. Há 33 anos, a empresa criou a Fundação Volkswagen. Nos últimos 10 anos, os projetos educacionais da Fundação Volkswagen chegaram à marca de 1,2 milhão de alunos atendidos.
Entre alguns exemplos de iniciativas ligadas à sustentabilidade ambiental estão o desenvolvimento de veículos com índices reduzidos de consumo e de emissões (BlueMotion Technologies), a construção de uma pequena central hidrelétrica própria e a utilização de softwares para monitoramento e redução dos impactos ambientais nos processos produtivos.
Há 10 anos, a VW lançava o Gol Total Flex no mercado brasileiro, o primeiro automóvel capaz de rodar tanto com gasolina quanto com álcool. Que novidades traz a VW em seu aniversário de 60 anos no país?
Não podemos revelar novidades nesse momento, por questões estratégicas e de concorrência. O que podemos dizer é que nesses 60 anos, a Volkswagen trouxe diversas inovações ao Brasil. Seus pioneirismos vão desde a adoção de freios ABS, injeção eletrônica, a utilização das fibras de garrafas PET recicladas nos tecidos de revestimentos de bancos e portas, até a introdução da tecnologia TotalFlex, que gerou uma mudança de paradigma no setor automotivo brasileiro.
A Volkswagen do Brasil vive hoje um momento de globalização tecnológica, de alinhamento com as inovações disponíveis no Grupo Volkswagen, trazendo para o país, por exemplo, uma nova arquitetura eletrônica para veículos como o Gol e o Voyage.
Os veículos receberam uma arquitetura eletrônica completamente nova, uma das mais avançadas e complexas de suas respectivas categorias. Esse novo “esqueleto” eletrônico possibilitou a instalação de vários equipamentos inéditos nos seus segmentos. Entre eles está o Comfort Blinker, item que possibilita que o motorista, com um leve toque na alavanca de seta, indique a direção que pretende ir, sem necessariamente acionar a alavanca de seta completamente.
Outro benefício da nova arquitetura é a inclusão do sistema ESS (Emergency Stop Signal ou Sinal de Frenagem de Emergência), herdado dos veículos alemães mais sofisticados do mercado. O ESS funciona como um alerta para evitar colisões traseiras. Caso o motorista pressione o pedal de freio de forma acentuada, mantendo uma frenagem mais consistente, o sistema de segurança aciona as luzes traseiras de frenagem de forma intermitente.
Após essa frenagem, com o veículo em estado estático, as luzes de freio param de piscar e o ESS aciona as luzes de pisca-alerta, indicando que o veículo parou.