A ciência do terror
Os seres humanos são atraídos por filmes de terror, mostram estudos. Um filme do gênero pode tanto surtir efeitos positivos no corpo e preparar para situações de perigo quanto gerar medos permanentes no dia a dia.
Bons para os glóbulos brancos
Você sabia que filmes de terror podem fazer bem? Num experimento com um grupo de 32 indivíduos saudáveis (de 20 a 26 anos), uma parte ficou sentada calmamente numa sala, e a outra assistiu ao filme "O massacre da serra elétrica" (foto). Os espectadores apresentaram níveis mais altos de leucócitos – ou glóbulos brancos – ativados, células usadas pelo sistema imunológico para a defesa do corpo.
Dá para pular a academia?
Dizem que filmes de terror queimam calorias, mas tenha em mente que o estudo que chegou a essa conclusão – conduzido pela Universidade de Westminster – foi coencomendado pelo LOVEFiLM, serviço de aluguel de filmes da Amazon. Assistir a "O Iluminado" queimou 184 calorias; "Tubarão", 161 calorias; "O Exorcista", 158, e "Alien", 152. Já "O massacre da serra elétrica" queimou meras 107 calorias.
Treino para o perigo
Somos atraídos pelos filmes de terror porque eles servem como prática para enfrentar situações de perigo. “Desenvolvemos emoções cognitivo-comportamentais que nos permitem detectar rapidamente e responder adequadamente aos perigos", diz o pesquisador de terror Mathias Clasen. Assista a "O Iluminado", por exemplo, e você estará mais bem preparado para uma viagem a um hotel no meio do nada.
Cobras e instinto
Muitos de nós têm instinto nato para lidar com cobras. Pesquisadores da Virginia pediram a alunos da pré-escola e a adultos para encontrarem uma determinada imagem em meio a oito figuras confusas. Tanto as crianças quanto os adultos detectaram as cobras mais rápido do que flores, sapos e lagartas. Foi a primeira vez que crianças foram testadas quanto à detecção visual de ameaças.
Aranhas longe da bebida
Em outro experimento, cientistas testaram se barmans seriam "perifericamente cegos" no caso de haver uma aranha ao redor. A resposta é: não! Grande parte deles viu o bicho assustador – enquanto, comparativamente, pouco notaram outras coisas como moscas, protótipos de outros insetos e seringas.
Horror de verdade
O medo e a repulsa servem para nos proteger, mas a evolução humana não acompanhou a civilização moderna. Nossos medos mais profundos – aranhas, cobras, altura e espaços fechados – têm pouco em comum com o que realmente nos mata hoje: gordura trans, cigarro, carro e álcool. Esses quatro itens podem estar presentes numa festa de Halloween, mas nunca irão compor a decoração "assustadora".
O caso da "paciente S.M."
Nem todo mundo é afetado pelo terror. Uma paciente que sofreu lesões na amídala, S.M. (não aparece na foto), não mostrou reação a filmes de terror, casas mal-assombradas e animais assustadores. S.M. segurou uma cobra por mais de três minutos, e mostrou comportamentos experimentais: esfregava as escamas, tocava a língua e acompanhava de perto os movimentos, enquanto a cobra deslizava por suas mãos.
Macacos zumbis
E os nossos parentes primatas? Eles se apavoram com zumbis? Estudos da Universidade de Princeton sugerem que sim. Foram mostrados aos macacos rostos de macacos irrealistas e realistas. Eles olharam mais tempo para as imagens realistas, levando os pesquisadores a pensar que os macacos experimentam um "percurso misterioso", que os mantém (e a nós também) avessos a doenças e a deformidades genéticas.
O cheiro do medo
Sabia que você fica com outro cheiro depois de um filme de terror? Em Viena, foram exibidos a cinéfilos um filme de terror ("Candyman") e outro "neutro". Depois, eles tiveram as axilas enxugadas. Aqueles que cheiraram as compressas distinguiram "o cheiro do medo" daquele do "não medo". O cortisol, o hormônio do estresse, não foi a causa, o que significa que os feromônios do medo têm outra origem.
Medo na vida real
Filmes de terror podem deixar consequências negativas e permanentes. Numa pesquisa com estudantes, 75% relataram distúrbios na rotina. Alguns exemplos: medo de nadar depois de assistir a "Tubarão"; mal-estar com palhaços, televisões e árvores após "Poltergeist", medo de acampar e de madeira depois de assistir a "A Bruxa de Blair" e ansiedade quando sozinho em casa devido ao filme "Pânico ".
Videogame: mais um medo?
A ciência sabe pouco sobre os efeitos dos jogos de terror para videogames, porque o gênero é muito novo. Alguns estudos têm mostrado, entretanto, que a intensidade da experiência no game atrapalha o sono. Pesquisadores australianos descobriram que jogadores dormiram por períodos mais curtos e que o sono deles foi menos intenso.