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A euforia dos orgânicos

18 de janeiro de 2003

Enquanto a indústria alimentícia tradicional amarga uma redução no volume de negócios, o comércio de produtos isentos de agrotóxicos registrou no último ano um crescimento de 10%.

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Produtos naturais garantem lugar à mesa dos consumidoresFoto: AP

Mais do que nunca, os alemães vão às compras de alimentos de olho na qualidade. Ser ecologicamente correto torna-se in. Na Alemanha, os orgânicos vão contra a corrente da fraca conjuntura e invadem as prateleiras das grandes redes de supermercado. O que no passado foi apenas um nicho para poucos, chega à mesa do consumidor comum.

Depois de passar por um verdadeiro boom em 2001, o setor sofreu abalos no último ano, em função dos escândalos envolvendo o pesticida cancerígeno nitrofeno, encontrado em ração animal destinada à pecuária orgânica. Apesar disso, os comerciantes do setor no país não têm motivos para reclamar: a partir do enorme crescimento em torno de 30% em 2001, os 10% registrados em 2002 são mais que positivos.

Grandes redes –

A adesão de cadeias de supermercado voltadas para produtos de baixo preço proporcionou ao setor de orgânicos um aumento de um bilhão de euros no volume de negócios. Com isso, um terço dos produtos isentos de agrotóxicos vendidos no país passaram a chegar ao consumidor através de supermercados comuns e não mais via lojas de produtos naturais.

Prinz von Löwenstein, da Federação Alemã da Indústria Alimentícia Ecológica, observa que o setor passou por "duchas de água quente e fria: primeiro foi a chuva de atenção e apoio tanto da opinião pública quanto do consumidor (em função dos vários escândalos envolvendo a agropecuária convencional, entre eles o da vaca louca). Depois, a crise do nitrofeno, que não veio do nosso setor, mas que o abalou profundamente".

Expansão –

A troca de águas fria e quente, para Von Löwenstein, trouxe, no entanto, suas vantagens para a circulação dos orgânicos: em 2002, o número de propriedades agropecuárias que abdicam do uso de agrotóxicos cresceu em 3,8%, atingindo um total de 9300 em todo o país. A área ocupada por estas propriedades expandiu-se em torno de 4,5%, o que significa hoje 488 mil hectares de terra onde são produzidos alimentos orgânicos, de um total de 17 milhões de hectares destinados à agropecuária.

Em relação a outros países europeus, a Alemanha ainda fica bem atrás de alguns vizinhos. Suíça, Áustria, Itália, Dinamarca e Suécia lideram o ranking de produtores de orgânicos no continente. No entanto, 26% dos consumidores alemães anunciam que pretendem, no próximo ano, aumentar o consumo de alimentos sem agrotóxicos.

Novo perfil –

Nítida é a mudança de perfil do consumidor de orgânicos no país: das pequenas lojas de produtos naturais, surgidas nos anos 70, que propagavam o "ecologicamente correto" como antídoto aos exageros da sociedade de consumo, surgem cada vez mais modernos "supermercados naturais" no país.

Chiques e amplos, os novos templos do consumo saudável procuram atrair uma nova clientela: famílias com crianças, jovens solteiros e ricos ou aposentados dinâmicos, consolidando dessa forma a presença dos orgânicos à mesa no novo milênio.

(sv)