A fascinação dos filmes sobre o cinema
De clássicos como "King Kong" e "Oito e meio" ao sucesso recente de "Ave, César!", há quase um século o próprio processo de produzir filmes tem se provado tema fascinante para cineastas e público.
"Cantando na chuva" (1952)
O famoso musical enfoca a Hollywood da década de 20, na transição do filme mudo para o sonoro, quando a súbita pressão para representar com a voz representou o ocaso para diversos astros e estrelas do cinema. As sequências cantadas e dançadas com Gene Kelly (foto), Debbie Reynolds e Donald O'Connor são um forte tributo ao gênero musical da época.
"King Kong" – original e remakes
Com um macaco-monstro e efeitos especiais icônicos, a versão de 1933 de "King Kong" foi um marco da história do cinema. Seguiram-se várias refilmagens, destacando-se as de 1976, com Jessica Lange e Jeff Bridges, e 2005 (foto), dirigida por Peter Jackson. O misto de história de amor bestial e thriller acompanha uma equipe cinematográfica à Ilha da Caveira, onde se depara com o colossal gorila.
"Bancando o águia" (1924)
Essa comédia muda foi possivelmente a primeira produção a revelar aos espectadores os bastidores da indústria cinematográfica. Em sonho, o projecionista Buster assume o papel do detetive Sherlock Holmes, resolve um caso e conquista o amor da mocinha. De volta à realidade, ele imita seu herói cinematográfico. "Sherlock Jr." é considerada uma das obras mais importantes do americano Buster Keaton.
"O artista" (2011)
Também em "O artista", dois atores se encontram na transição para o filme sonoro. Rodado em preto-e-branco, com entretítulos e diálogo esparso, ele é uma homenagem à era do cinema mudo e uma declaração de amor à sétima arte. A produção francesa recebeu cinco Oscars e três Globos de Ouro, entre vários outros prêmios.
"Crepúsculo dos deuses" (1950)
Em seu drama, Billy Wilder conta a história do cineasta fracassado Joe Gillis (William Holden) e da ex-diva das telas Norma Desmond (Gloria Swanson). O resultado é um retrato impiedoso da assim chamada "fábrica dos sonhos" Hollywood. O diretor evitou o quanto pôde revelar a trama a seus produtores, para evitar que o fizessem abrandar o tom crítico de seu "Sunset Boulevard" (título original).
"O desprezo" (1963)
Jean-Luc Godard também retratou a comercialização do cinema nessa produção ítalo-francesa. Brigitte Bardot representa a esposa do roteirista Paul Javal (Michel Piccoli), cuja relação sucumbe à ganância e desconfiança, nas engrenagens da indústria cinematográfica hollywoodiana.
"Ed Wood" (1994)
Em preto-e-branco, Tim Burton retratou aqui um outro cineasta americano. Ambicioso e profundo admirador do gênio Orson Welles, porém desprovido de talento e verba, Edward D. Wood Jr. (Johnny Depp, dir. embaixo) produziu nos anos 50 uma série de filmes B com elementos de ficção científica e horror. Martin Landau recebeu o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel do ex-Drácula Bela Lugosi.
"O estado das coisas" (1982)
Um diretor igualmente enfrenta dificuldades financeiras neste filme do alemão Wim Wenders. Filmando em locação em Portugal, Friedrich Munro (Patrick Bauchau) decide ir pessoalmente para Los Angeles, quando as verbas e o material fotográfico esperados não chegam. Wenders inseriu diversas alusões a outros filmes e cineastas, como Friedrich Murnau, Fritz Lang e Roger Corman.
"Deu a louca nos astros" (2000)
Escrita e dirigida por David Mamet, a comédia "State and Main" acompanha um caótica produção cinematográfica. Chegando a Vermont para filmar "O velho moinho", a equipe constata que cidade não tem mais um moinho. Aí a atriz principal súbito exige um cachê muito mais alto, o roteirista sofre bloqueio criativo, o protagonista passa a flertar com uma adolescente local (Julia Stiles, na foto).
"8 1/2" (1963)
Clássico do cinema de autor, "Oito e meio", de Federico Fellini, gira em torno do cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni), em meio a uma crise existencial acompanhada de bloqueio criativo. Claudia Cardinale (foto) representa a inalcançável Mulher Ideal. Portador dois Oscars, o filme é considerado uma obra prima do cinema autorrreferencial.
"Boogie Nights: Prazer sem limites" (1997)
A ascensão e queda do astro pornô Dirk Diggler (Mark Wahlberg, esq.), discípulo e "galinha dos ovos de ouro" do diretor Jack Horner (Burt Reynolds), é pretexto para o também roteirista Thomas Paul Anderson traçar uma crônica do cinema pornográfico americano no fim da década de 70, às vésperas do ocaso de uma época áurea.
"Ave, César!" (2016)
A comédia de Ethan e Joel Coen celebra a Hollywood dos anos 50, período em que a indústria cinematográfica sente a ameaça da competição pela televisão. Ao desaparecer misteriosamente do set de filmagens de um épico romano, o ator em decadência Baird Whitlock (George Clooney) representa um problema para Eddie Mannix, um produtor disposto a empregar drásticos para sanar os problemas do estúdio.