A hora da verdade
7 de março de 2003O primeiro país que fará o plebiscito é justamente aquele em que há grandes chances de a população rejeitar a entrada na União Européia. A República de Malta, um arquipélago de 316 quilômetros quadrados localizado no Mar Mediterrâneo, abre suas urnas no sábado (8/3) para os pouco mais de 380 mil habitantes votarem se estão de acordo ou não com o ingresso na UE.
É bem provável que a maioria dos malteses vote contra, pois muitos acreditam que tal passo só trará desvantagens para os pequenos países. A alternativa seria a criação de uma zona de livre comércio, que daria um incremento à economia de forma mais descompromissada.
Entretanto, mesmo que a população vote pelo "sim", não significa que o ingresso na UE esteja garantido, pois o resultado do plebiscito é apenas simbólico e não tem força política. "O que conta realmente é o resultado das próximas eleições parlamentares", frisou Günter Verheugen, comissário da Ampliação da UE, em entrevista à DW-WORLD.
A etapa decisiva será em abril. Caso o atual governo do conservador Edward Fenech Adami continue no poder, o ingresso está assegurado. Mas, se algum dos partidos de oposição vencer as eleições, Malta poderá rejeitar seu ingresso à UE.
"Para nós, não tem muita importância. Serão então apenas nove ao invés de dez países novos na UE", analisou Verheugen, lembrando que Malta perderá 194 milhões de euros em subsídios da União Européia ficando de fora.
Outros países votam
Duas semanas depois de Malta, será a vez da Eslovênia fazer seu plebiscito. Em meados de abril, a Hungria; em maio, a Eslováquia e Lituânia; junho é a vez da República Tcheca e da Polônia. E por fim, em setembro, Estônia e Letônia. O Chipre ainda não tem data marcada por causa do andamento das negociações pela unificação da ilha dividida.
Com exceção de Malta, todos os outros plebiscitos são relativamente seguros. Por enquanto, não há qualquer indício de que a população desses nove países seja contrária ao ingresso na UE. Mas é bom esperar pelo resultado. Os últimos acontecimentos na política internacional podem influenciar o rumo de muita coisa.
Boca fechada
Na questão do conflito no Iraque, alguns países candidatos se posicionaram a favor dos americanos. "Eles perderam a chance de ficar de boca fechada", reagiu bastante irritado o presidente da França, Jacques Chirac, criticando a atitude isolada dos governos que, a seu ver, deveriam primeiro consultar a comunidade de que pretendem fazer parte, antes de emitir opiniões.
Frente a essa situação, a ministra da Defesa, Alliot-Marie, sugeriu que a França fizesse um plebiscito para saber se a população do país aceita a ampliação da UE. Esse é um direito que existe e pode ser colocado em prática.
Basta que apenas um país membro da UE rejeite o ingresso de novos países para que todos os planos ou decisões já tomadas caiam por água abaixo. A probabilidade de que isso realmente ocorra é remota, mas não impossível.