A imprensa alemã sobre a eliminação do Brasil
7 de julho de 2018Die Welt – "Neymar novamente no chão"
A teatralidade de Neymar foi um dos temas nesta Copa. Nas quartas de final contra a Bélgica, a superestrela foi novamente ao chão. Mas rejeitou uma nova checagem da cena. Ele tem seus motivos.
As estatísticas mostram: Neymar passou 14 minutos no chão nesta Copa. Contra a Bélgica, foram só alguns segundos mais. O jogador de 26 anos reduziu drasticamente suas investidas teatrais. Até o minuto 8 do segundo tempo, numa disputa com Marouane Fellaini na área.
Torcedores e jogadores brasileiros, num ato de reflexo, pediram pênalti. Os belgas apontaram simulação de Neymar e pediam cartão amarelo. E o protagonista? Saltou do chão em direção ao juiz, mas não para reclamar pênalti, mas para pedir que o jogo seguisse.
Por trás do estranho comportamento, dois motivos: um é que o Brasil estava atrás no placar; outro é que ele temia um cartão amarelo por simulação. A partida seguiu, e na interrupção seguinte o árbitro foi a Neymar e lhe disse umas palavras – algo na linha de: se tentar cavar de novo, leva amarelo.
Spiegel Online – "Brasil precisa de outro Neymar"
As condições quase nunca foram tão boas. Brasil, a orgulhosa nação do futebol, com seu "jogo bonito", tinha em Tite o treinador certo; em Neymar a superestrela; no foco na defesa a estratégia correta; e na França o último adversário real no torneio. O hexacampeonato mundial era uma realidade – mas aí vieram esses belgas, fortes nos contra-ataques, e destruíram o sonho.
Tite lançou mão de Gabriel Jesus como centro-avante, mas o atacante do Manchester City não fez um único gol no Mundial. Ele tem só 21 anos, e ainda vai se desenvolver. Mas a Seleção só conseguirá lutar por título quando Neymar e Coutinho tiverem um centro-avante goleador a seu lado.
O Brasil precisa da concentração total de Neymar. Não se trata de simpatia: desde que ele faça seu trabalho com a maior concentração possível, suas extravagâncias não terão qualquer efeito. Mas ele mesmo se sabota. Diferentemente de Cristiano Ronaldo, que nunca perde sua avidez de vencer apesar de circunstância similares [à de Neymar], o atacante brasileiro parecia um pouco travado, inibido, na Rússia.
Die Zeit – "Só umas piadinhas"
Antigamente, as derrotas da Seleção eram uma catástrofe nacional, de grande significado simbólico. (...) E em 2018? Não houve grande alvoroço, foi mais uma resignação silenciosa. Há piadas: por exemplo sobre o papel de Neymar e que as cores da bandeira alemã, se rearrumadas, viram uma bandeira belga (haha!). Já antes da Copa, supostamente grande parte dos brasileiros não fazia do evento grande coisa (...)
Mas faltou, sobretudo, o caráter fatídico a este jogo. Na sexta-feira à noite, não houve manifestações sobre os prós e contras da multiculturalidade, como em 1950, e não houve também uma pressão nervosa por uma autoconfiança como potência global, como foi em 2014. Desta vez, jogou-se futebol – o que, por um lado, é mais saudável, até desejável; por outro, aperta a paixão.
O Brasil, que em 2014 ainda se apresentava como gigante, viveu quatro anos ruins desde então (...) O candidato à frente nas pesquisas para a eleição de outubro foi preso, forças fascistas e apoiadoras da ditadura militar contam com boas chances.
Dessa situação aflitiva e, em certo ponto, perigosa, nem mesmo um título mundial poderia desviar a atenção (...) Isso é, na verdade, uma grande evolução. Chega de futebol: os brasileiros têm mais o que fazer.
FAZ - "A primeira semifinal sem Brasil ou Alemanha"
Pela primeira vez desde os primórdios da história do futebol nenhuma das duas seleções dominantes chegou à semifinal (...) O campeão mundial sairá da Europa - a Copa do Mundo virou uma Eurocopa. A Bélgica passou pelo Brasil e sua superestrela Neymar e, com isso, o último time da América do Sul está eliminado. A Bélgica foi, assim, elevada aos favoritos.
RPR/ots
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