A "Oktoberfest" do livro
21 de janeiro de 2003A polêmica foi iniciada na quinta-feira (16/1), quando o diretor da Feira Internacional do Livro, Volker Neumann, aventou contatos feitos em Munique para sondar a possibilidade de transferência do evento, durante um encontro com editores alemães.
Pouco depois, o porta-voz da Feira Internacional do Livro, Holger Ehling, confirmou oficialmente as sondagens feitas junto à Münchner Messe – a empresa concessionária do parque de exposições de Munique, e ao governo estadual da Baviera.
Reação imediata
A reação de Frankfurt não se fez esperar. A prefeita da metrópole às margens do rio Meno, Petra Roth, convocou uma reunião de todos os envolvidos para a tarde da segunda-feira (20/1), prometendo ajuda financeira para que a Feira Internacional do Livro permaneça na cidade.
Ficaram acertadas novas negociações no transcurso das próximas semanas. Até o dia 1º de março, deverá haver uma decisão definitiva sobre o êxodo ou a permanência da maior feira mundial do setor bibliográfico.
Concessões forçadas
Em Frankfurt, ninguém acreditava que a Feira Internacional do Livro pudesse, de fato, cogitar de uma mudança para outra cidade. Por este motivo, as queixas anteriores de Volker Neumann sempre ficaram sem resposta.
"Sempre se pensou que a Feira Internacional do Livro faz parte de Frankfurt, por graça de Deus; que é natural os hotéis e os restaurantes ficarem lotados, que a área de exposição pode ser alugada a preços exorbitantes. Tal automatismo não pode existir", afirma Neumann.
Com as sondagens em Munique, os organizadores da Feira Internacional do Livro atingiram o que desejavam. A empresa Messe Frankfurt, a administração municipal e a Associação de Hotéis e Restaurantes da cidade mostraram-se, pela primeira vez, dispostos a negociar e a fazer concessões.
O próprio Volker Neumann afirma sua predileção pela permanência em Frankfurt, desde que as condições sejam melhoradas. A decisão final, contudo, não cabe a ele mas sim à Associação Alemã do Comércio Livreiro, que é a promotora do evento.
Entusiasmo na Baviera
Em Munique, a notícia de uma eventual transferência da Feira foi recebida com enorme entusiasmo. Segundo a secretária de Cultura da capital bávara, Lydia Hartl, a cidade oferece as condições ideais para a realização do evento: "Quem promove a maior festa popular do mundo – a Oktoberfest, está preparado também para organizar qualquer outro grande acontecimento."
E para o porta-voz da Münchner Messe, Ulrich Esser, a cidade possui um parque de exposições "muito atraente e funcional", capaz de atender a todas as exigências da Feira Internacional do Livro.
Mesmo que a Associação Alemã do Comércio Livreiro acabe optando pela permanência em Frankfurt, a capital da Baviera ainda pode ter chance de receber alguma das outras grandes feiras realizadas em Frankfurt. Pois, logo após o início do debate, os promotores de outros eventos apoiaram as críticas da Feira do Livro e exigiram uma renegociação de preços como alternativa para eventual transferência a outra cidade.
Entre os descontentes estão os organizadores do Salão Internacional do Automóvel (IAA), da Exposição de Técnica Química (Achema) e da Euromold (feira de moldes para construção e desenvolvimento de produtos), entre outros.