A República Islâmica em foco
23 de maio de 2013As imagens são poderosas. Elas determinam nossa percepção e influenciam nossas opiniões. Isso vale tanto para as fotografias quanto para as figuras de linguagem. A linguagem que o Ocidente associa ao Irã quase sempre é negativa: o Irã seria um "Estado de canalhas", governado por "mulás fundamentalistas", um país que "aspira ter a bomba" e cujo presidente gostaria de preferência de "riscar Israel do mapa".
São opiniões que podem até corresponder à realidade, mas que reproduzem apenas uma parte dela. A imagem do Irã no Ocidente reduz-se à política praticada pelo governo do país – uma imagem sem vida e unilateral. Também porque há, em função da censura e da opressão, muito pouca informação segura e instantânea fornecida pelo próprio país.
Como vivem as pessoas num Estado no qual o governo apela para medidas drásticas frente a qualquer forma de crítica? No qual a economia está destruída e não somente por causa das sanções ocidentais? No qual religião e política são inseparavelmente ligadas, formando uma rede de difícil compreensão? Como o dia a dia das pessoas mudou nos últimos quatro anos desde a Revolução Verde?
São essas as questões que abordamos neste especial da Deutsche Welle. Isso só é possível porque a Deutsche Welle mantém programas em farsi, a língua oficial do Irã, há mais de cinco décadas. Porque a redação iraniana da DW tem contatos excelentes no próprio Irã e entre os iranianos no exterior. E porque mais de 130 mil pessoas fazem diariamente uso de nossas ofertas jornalísticas em farsi, que estima como fontes independentes de notícias e mantendo conosco um diálogo – através de nosso site e de redes sociais como o Facebook e o Twitter.
São os relatos das experiências dessas pessoas, bem como as informações de nossos correspondentes no Irã, que nos possibilitam essas visões de dentro: as pessoas falam de seu dia a dia, proporcionando visões pouco usuais sobre suas vidas, profundamente permeadas pelo controle exercido pelo Estado e pelos ditames religiosos.
E o engajamento dessas pessoas implica perigos: toda forma de crítica é indesejada num Estado autoritário como o Irã, sendo severamente punida. Não apenas os opositores do governo e os jornalistas estão constantemente na mira da vigilância do Estado, mas também os artistas. Alguns dos protagonistas e interlocutores com os quais planejávamos conversar mergulharam nas últimas semanas na clandestinidade e deixaram o país. Próximo das eleições presidenciais de 14 de junho, a repressão estatal torna-se mais acirrada.
Em 2009, durante a Revolução Verde, os blogueiros formavam a frente mais visível de resistência. "Vocês têm armas, nós temos celulares", era o lema de então. Hoje, o regime bloqueia cada vez mais também o acesso à internet. A meta é uma "internet halal", ou seja, uma rede limpa, na qual não haja mais qualquer tipo de informação independente.
Com este especial, damos uma olhada por detrás das barricadas, para ver como vivem as pessoas no país.
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