A380: O Jumbo do século 21
15 de julho de 2003A situação é de turbulência na aviação civil. Nos Estados Unidos, a gigante Boeing já teve de demitir cerca de 30 mil empregados. Em quase todo o mundo, as grandes companhias aéreas também reduzem pessoal, cortam serviços e abandonam as rotas pouco rentáveis. Somente uma empresa parece não ser afetada de forma alguma pela crise: o consórcio europeu Airbus, com participação alemã, francesa, britânica e espanhola.
Na Alemanha, o centro de produção da Airbus está situado em Finkenwerder, nos subúrbios de Hamburgo. Ali, foi inaugurado recentemente, com a presença do chanceler alemão Gerhard Schröder, o primeiro pavilhão destinado à produção do modelo A380 – o "superjumbo" do século 21, a maior aeronave até hoje projetada para a aviação civil. O sucesso da Airbus também está ligado ao êxito inusitado desse superavião.
Fator econômico
Os primeiros Airbus A380 deverão deixar a linha de produção em 2006. Eles terão capacidade de transportar mais de 500 passageiros em sua cabina de dois andares. Sua autonomia de vôo é de até 16 mil quilômetros. Com isto, o A380 supera inteiramente seu único concorrente: o Boeing 747 ("jumbo") transporta menos de 400 passageiros, com uma autonomia de vôo de cerca de 14 mil quilômetros.
Segundo Theodor Benien, porta-voz da Airbus em Finkenwerder, o A380 será a "nau capitânia do século 21". Em entrevista à DW-WORLD, ele explicou as razões do êxito da aeronave, que ainda não está sendo fabricada, mas já tem 129 encomendas: "Uma enorme vantagem do A380 é o fato de que com ele as companhias aéreas poderão reduzir seus custos operacionais em cerca de 15 a 20%. Um único vôo poderá transportar até 550 passageiros. Este aspecto econômico é importantíssimo para as empresas aéreas."
Montagem final na Alemanha
A exemplo dos demais modelos da Airbus, também o "superjumbo" será produzido em conjunto pelas unidades industriais na Alemanha, França, Grã-Bretanha e Espanha. A montagem final será então em Finkenwerder. Para isto, já foi erigido o primeiro pavilhão de montagem do A380. Numa superfície de 140 hectares do chamado Mühlenberger Loch – o maior baixo de água doce da Alemanha, estão sendo construídos ainda outros pavilhões para a linha de montagem final da aeronave. O aproveitamento da área para fins industriais não é, contudo, aceito por todos. Os tribunais alemães terão de julgar, dentro em breve, mais de 200 processos iniciados por ecologistas e moradores das redondezas, que tentam embargar as obras.
Os processos judiciais não parecem, no entanto, preocupar a Airbus. A empresa investirá um total de 11,7 bilhões de euros para o desenvolvimento e produção do A380. O êxito comercial da aeronave reforça a empresa nos seus planos relacionados com o novo modelo. Theodor Benien: "Os nossos prognósticos de mercado mostram um grande potencial de crescimento nas regiões da Ásia e do Pacífico. Contamos ali com um crescimento acima da média no número de passageiros. Assim, esse mercado será muito importante para nós e nos concentraremos especialmente nessas duas regiões do mundo."
E com razão, ao que tudo indica: das 129 encomendas do A380, a maior parte é proveniente da Ásia e do Oriente Médio.