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Aberta em Colônia primeira feira para comércio de emissões

Johannes Beck (ns)9 de junho de 2004

Um novo tipo de comércio está começando: compra e venda de certificados de emissões, em prol do clima. Organizada pela Feira de Colônia e o Banco Mundial, realiza-se de 9 a 11 de junho a primeira Carbon Expo.

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Usina a carvão em Gelsenkirchen - indústria, aviões e automóveis causam danos ao climaFoto: AP

Embora grande parte das catástrofes climáticas que The Day After Tomorrow mostra na tela dos cinemas não deva acontecer tão cedo, o filme é uma advertência contra as conseqüências da mudança climática global.

Na atmosfera terrestre, há alguns séculos vêm se juntando cada vez mais gases que provocam o efeito estufa. Principalmente o dióxido de carbono, o gás emitido por automóveis, aviões e usinas onde se queimam combustíveis fósseis. Isso causa cada vez mais secas, tempestades e elevação do nível dos mares.

Como funciona o negócio com a poluição

Com o Protocolo de Kyoto, 122 países se comprometeram a produzir futuramente menos gases poluentes. Isso pode ser feito no próprio país, reduzindo-se as emissões, ou então apoiando com financiamento e tecnologia projetos de proteção ao clima em outros países. Com a criação da Carbon Expo, a Feira de Colônia quer oferecer a primeira plataforma para esses projetos, como expõe seu diretor, Jochen Witt, à Deutsche Welle:

"Na Carbon Expo, uma série de governos e empresas vão apresentar projetos bem-sucedidos de redução de emissões e procurar interessados para novos projetos. O Protocolo de Kyoto permite que essa transferência de tecnologia seja recompensada com certificados de emissão que a Europa poderá descontar [de sua cota de redução ]. Nesse sentido, foram convidados países como Chile, Índia, Indonésia, Marrocos, México, Peru, Filipinas, Polônia, Senegal e Uganda."

A matemática da redução de custos e emissões

E o Brasil também, que comparece com representantes do Ministério das Relações Exteriores e da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima. Para os europeus, vale a pena cooperar com os países em desenvolvimento na proteção do clima. Nestes, os custos para se economizar uma tonelada de CO2 são de apenas quatro dólares, pois muitas vezes a energia não é utilizada de forma muito eficiente.

Na Europa, pode custar até cem dólares para se economizar uma tonelada de emissões. No Japão, onde há um aproveitamento máximo e muito eficiente da energia, pode custar até 400 dólares, segundo Ken Newcombe. Ele é responsável pelo comércio de emissões no Banco Mundial e considera indispensável uma plataforma como a Carbon Expo:

"Tomemos como exemplo uma firma da Baviera, que nunca fez negócios com países em desenvolvimento até agora, mas que gostaria de comprar certificados de emissão por um bom preço, a fim de cumprir o que lhe corresponde em redução de emissões, da cota da Europa. Como é que essa empresa vai achar um parceiro adequado e como terá a segurança necessária para comprar certificados de projetos, por exemplo, na Tanzânia ou no Brasil?", pergunta Newcombe.

Acesso à tecnologia de fontes renováveis

Facilitar os contatos entre compradores (europeus) e vendedores (emergentes e em desenvolvimento) é o objetivo da Carbon Expo. As vantagens são para ambas as partes: enquanto os países industrializados cumprem seus compromissos de redução das emissões, pagando um custo baixo por isso, os países em desenvolvimento têm acesso a tecnologias como rotores e turbinas de energia eólica, células fotovoltaicas ou motores que economizam energia.

O mercado só está começando. Mas o Instituto Point Carbon calcula que, em 2010, ele poderá atingir um volume de 10 bilhões de dólares. Para o Banco Mundial, a feira em Colônia chega no momento certo. Ken Newcombe:

"Agora é o momento porque um grande número de países industrializados criaram as condições legais para o comércio de emissões. Os europeus já abriram seu mercado para certificados dos países em desenvolvimento, mesmo que o Protocolo de Kyoto não seja ratificado. Ou seja: mesmo que a Rússia não o ratifique e ele não entre em vigor, surgirá um mercado na Europa."

Mercado lucrativo

No ano passado, a tonelada de CO2 foi negociada a quatro dólares. Os analistas do instituto, porém, calculam que o preço subirá para dez dólares por tonelada, nos próximos seis anos.

Um mercado lucrativo e um bom negócio também para a Feira de Colônia, que conseguiu elaborar o conceito para a Carbon Expo em poucos meses de preparativos. Com a primeira feira do gênero no mundo, a cidade à beira do Reno quer se projetar mundialmente como a plataforma ideal para o comércio de certificados.

O evento dará sua contribuição para não prejudicar o clima. Os gases do efeito estufa que os participantes causarem com suas viagens de avião à cidade alemã serão compensados através de investimentos em projetos de proteção climática. Nada como dar o bom exemplo.