Aberta temporada de caça ao Bayern
1 de agosto de 2003A Bundesliga é uma competição em que todos correm atrás do título e no fim o Bayern de Munique levanta a bandeja, definiu certa vez Stefan Effenberg, então capitão do recordista de títulos da Alemanha. A temporada 2003/2004 não promete ser muito diferente. Após a última conquista antecipada, com 16 pontos de vantagem, e sem que tenha havido grandes mudanças no cenário futebolístico do país durante o recesso de verão, o Bayern abre o 41º Campeonato Alemão como franco favorito.
As pesquisas apontam que quase a metade dos alemães aposta que o time bávaro vencerá pela 19ª vez a Bundesliga. E nada menos que 14 dos 18 técnicos da primeira divisão atribuem o favoritismo ao campeão europeu de 2001. Muitos o fazem estrategicamente, jogando para a equipe de Ballack, Élber e Zé Roberto a responsabilidade de ganhar sempre.
Poucas transferências
De qualquer forma, os investimentos feitos por seus concorrentes não assustam o todo-poderoso de Munique. Os tempos de fartura se foram. A queda de receita do televisionamento dos jogos de 460 para 290 milhões de euros, decorrente da crise do Grupo Kirch, obriga os clubes a apertar o cinto. Poucos se atrevem a gastar seus parcos recursos em reforços caros.
Nem mesmo o rico Bayern de Munique, que investiu desta vez apenas sete milhões para renovar sua defesa com o argentino Martin Demichelis (River Plate) e a revelação alemã Tobias Rau (Wolfsburg). O clube ainda negocia, entretanto, com o Deportivo La Coruña a contratação do atacante holandês Roy Makkay. A oferta é de 18 milhões. Até o momento, o Wolfsburg figura como o mais ousado. O time da Volkswagen gastou quase 13 milhões em gente nova. Somente o meio-campo argentino Andres D'Alessandro (River Plate) saiu por nove milhões, na transação mais cara do recesso.
Os principais rivais do Bayern optaram por atrair jogadores com passe livre. O Borussia Dortmund trouxe Flávio Conceição (Real Madrid). O Hertha Berlim buscou Fredi Bobic (Hannover 96) e Niko Kovac (Bayern), e liberou Stefan Beinlich para o Hamburgo. De volta à primeira divisão, o Colônia atraiu o ex-zagueiro da Seleção Alemã Jörg Heinrich (Borussia Dortmund) e o goleiro reserva do Bayern, Stefan Wessels.
Cortes não atingem Bayern
No fim das contas, os clubes não chegaram a gastar 33 milhões de euros. Na temporada passada, as transferências somaram 105 milhões e, na de 2001/2002, haviam atingido o recorde de 150 milhões. Os cortes atingem ainda os salários e o tamanho da folha de pagamento. Cerca de 200 jogadores profissionais estão desempregados.
O Bayern de Munique é dos poucos que ainda não precisou tomar medidas drásticas como renegociar contratos e demitir atletas. "Enquanto estivermos com nossas finanças saudáveis, nossos jogadores continuarão bem remunerados. Mas se tivermos outra temporada como a passada, quando fomos eliminados da Liga dos Campeões na primeira fase, vamos ter de enxugar nosso padrão salarial em até 40%", adverte o diretor-executivo Uli Hoeness.
Outras fontes não secaram
Em meio às vacas magras, a receita advinda de patrocínio e bilheteria ganharam importância. Apesar da crise econômica no país, os 18 clubes conseguiram negociar publicidade em seus uniformes no valor de 95 milhões de euros. O último foi o Hamburgo, que resistiu a dar de mão beijada o espaço e que, com a conquista da Copa da Liga, fechou finalmente esta semana contrato de 4,7 milhões de euros ao ano com um fundo de investimentos.
Por outro lado, os torcedores parecem pouco ligar para a fraca temporada passada e quebraram mais um recorde na compra de assinatura de entradas para todo o campeonato. A cifra já ultrapassou os 333 mil ingressos. Somente o Borussia Dortmund já garantiu a arrecadação de 50 mil espectadores por jogo em seu estádio; o Schalke, de 42 mil.