Acabando com o mito do bom copo de vinho
28 de setembro de 2003O resultado da pesquisa contradiz a crença popular, confirmada repetidas vezes por cientistas, de que beber um copo de vinho por dia previne ataque cardíaco e um copo de cerveja protege contra o câncer.
Se o vinho tinto ajuda a prevenir um infarto, isso não se deve ao álcool e sim a outras substâncias que ele contém. O chefe da pesquisa, Stefan Bleich, anunciou que, mesmo em pequenas quantidades, o consumo regular de alcool pode causar perturbações do cérebro.
A culpa é dos aminoácidos, que agem no cérebro como falsos neurotransmissores homocystein e prejudicam as células nervosas, segundo o resultado da pesquisa dirigida pelo doutor Bleich.
A freqüência é que são elas...
Quanto maiores são a freqüência e a quantidade de alcool que se bebe, mais alto é o nível do aminoácido. O tipo de bebida, ao contrário, tem pouca influência sobre a concentração dos aminoácidos prejudiciais à saúde mental. É o mesmo caso de uma única bebedeira esporádica.
Beber com freqüência prejudica mais o cérebro, segundo constatou a equipe de Bleich. As conseqüências podem ser amnésia lacunar e redução da capacidade cerebral. Um nível elevado de neurotransmissores homocystein é um fator de risco de enfarto e parada cardíaca.
Memória, demência e depressão
Peritos calculam que 40% dos casos de doenças no sistema vascular do cérebro, a maioria dos problemas de memória, assim como muitas formas de depressão e de demência têm a ver com taxas elevadas de neurotransmissores homocystein.
Lacunas na memória e redução da capacidade cerebral são conseqüências de consumo regular de alcool, garante o cientista. Em casos extremos, o cérebro encolhe até de forma mensurável, o que é chamado de atrofia cerebral. Quando cai o nível de álcool no sangue, começa a destruição das células cerebrais. O alcoólatra bebe, sem saber, para evitar isso, mas a dependência e a repetição desse mecanismo representam um ataque constante ao cérebro. O caso mais extremo ocorre no processo de desintoxicação, quando não é raro ocorrerem ataques epilépticos nos primeiros dias.
O ácido fólico na prevenção
Os especialistas da Clínica de Psiquiatria em Erlangen esperam que seus novos conhecimentos levem a impulsos efetivos no tratamento de danos cerebrais causados pelo alcool. Primeiramente eles querem investigar os efeitos de altas concentrações de ácido fólico na prevenção contra a destruição de células do cérebro. Os cientistas têm também esperança de que as taxas de neurotransmissores homocysstein voltem a se normalizar depois que a pessoa parar de beber, e que o cérebro se recupere em mais ou menos 50% dos casos.
Neurotransmissor é um componente químico secretado por um neurônio, que tanto pode inibir quanto estimular o fluxo de um impulso entre as células nervosas. O minoácido homocystein resulta como produto intermediário na composição de metionina, um elemento vital de albumina. Se esta composição é prejudicada, aumenta novamente a taxa do minoácido. As causas são, além do consumo de álcool, escassez de vitamina e ingestão de determinados medicamentos e de café, segundo a pesquisa.
As conseqüências conhecidas de uma carência de ácido fólico e de nível elevado do minoácido são altos riscos de ataque cardíaco, trombose e derrame cerebral.