Protestos
5 de setembro de 2009Neste sábado (05/09), aconteceu em Berlim a maior passeata contra a energia termonuclear dos últimos anos. Os organizadores do protesto registraram 50 mil participantes, enquanto a polícia estimou a presença de 36 mil. O movimento contou com o apoio do Departamento alemão do Meio Ambiente (UBA).
Sob o slogan "agora desliguem mesmo", ativistas e políticos exigiram o "fechamento de todas as usinas nucleares em todo o mundo". Contudo, uma das metas mais imediatas dos manifestantes é o fim do depósito de lixo atômico de Gorleben. Já pela manhã, cerca de 350 tratores daquela região dirigiram-se ao Portão de Brandemburgo, em Berlim. Manifestantes de toda a Alemanha chegaram à capital em trens especiais e ônibus.
Centenas de bandeiras ondulavam na cidade com o slogan dos anos 1980: "Energia nuclear? Não, obrigado". Muitos trajavam fantasias verdes e amarelas, simbolizando os contêineres de lixo atômico. A organização ambientalista Greenpeace participou da ação coletiva com um cavalo de Troia de sete metros de altura.
Ao lado de membros de organizações ambientais e de agrupamentos de esquerda, políticos alemães de destaque estiveram presentes, entre os quais o vice-presidente do Bundestag, Wolfgang Thierse, do Partido Social Democrata (SPD); a presidente do Partido Verde, Claudia Roth, e seus correligionários Renate Künast, Jürgen Trittin e Fritz Kühn.
População contra o átomo
Segundo pesquisa de opinião realizada pelo Greenpeace, 59% da população da Alemanha rejeita a manutenção das usinas atômicas do país, proposta pelos partidos conservadores cristãos (CDU/CSU), da chanceler federal Angela Merkel, e pelos liberal-democratas (FDP). O governo anterior, formado por verdes e social-democratas, estipulara o fechamento gradual das unidades até 2020.
Essa opinião contrária à energia atômica é partilhada até mesmo por 50% dos eleitores da CDU/CSU e por 49% do FDP. Sobretudo os mais jovens – 71% dos colegiais entrevistados – defendem o abandono da energia nuclear no prazo previsto.
"O voto da população é claro, e cada futuro governo federal será julgado por sua capacidade de pôr em prática o desejo dos cidadãos – ou de servir como capanga da indústria atômica", advertiu Mathias Edler, especialista em energia nuclear da Greenpeace.
Segundo ele, a prorrogação ou o não do funcionamento das usinas é decisivo para a expansão das energias renováveis e as chances da proteção do clima. O Greenpeace exige que a Alemanha abandone a energia termonuclear até 2015.
AV/dpa/afp
Revisão: Soraia Vilela