Acordo de refugiados com Austrália é "estúpido", diz Trump
2 de fevereiro de 2017O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, tiveram uma conversa telefônica tensa no último final de semana. O principal assunto discutido foi um acordo firmado pelo ex-presidente americano Barack Obama para receber parte dos 1.600 refugiados sob os auspícios da Austrália em ilhas do Pacífico, divulgaram nesta quinta-feira (02/02) veículos de imprensa americanos.
Segundo o The Washington Post, Trump disse que o acordo foi "o pior da história" e se queixou de que, se cumpri-lo, vai "matar" politicamente os Estados Unidos. O presidente americano também acusou a Austrália de querer exportar "o próximo terrorista de Boston", em referência ao atentado numa maratona na cidade em 2013.
Pouco depois de dizer que a conversa foi "de longe a pior" das que teve naquele dia com líderes internacionais, Trump interrompeu a ligação.
"Vocês acreditam nisso? O governo Obama concordou em acolher milhares de imigrantes ilegais da Austrália. Por quê? Vou estudar esse acordo estúpido", escreveu Trump em sua conta no Twitter depois de a informação vazar para a imprensa.
Os refugiados estão alocados nas ilhas de Manus, em Papua-Nova Guiné, e Nauru, no Pacífico, onde vivem em centros de processamento à espera de serem reassentados. No ano passado, a ONU demonstrou preocupação com sérios relatos de violência, agressão sexual, tratamento degradante e automutilação nos centros da ilha de Nauru.
Compromisso
Havia temores de que o Trump rescindisse o compromisso firmado por Obama após assinar um veto migratório na semana passada. Muitos dos refugiados sob os auspícios da Austrália são provenientes dos países afetados pela medida.
O veto imposto pelo presidente americano proíbe a entrada de refugiados de qualquer nacionalidade nos EUA por um período de 120 dias. Cidadãos de sete países de maioria muçulmana – Irã, Iraque, Síria, Somália, Sudão, Iêmen e Líbia – não podem entrar em território americano por 90 dias. A ordem executiva foi assinada na última sexta-feira.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, confirmou nesta quarta-feira que Trump havia concordado em manter o compromisso com a Áustralia, mas a Casa Branca disse mais tarde que o presidente ainda estava considerando se avançaria com o acordo neste momento.
Nesta quinta-feira, no entanto, o Departamento de Estado americano confirmou em comunicado que os EUA irão honrar o compromisso "em respeito aos laços estreitos com a Austrália, aliada e amiga".
O premiê australiano, que havia afirmado na segunda-feira que Trump aceitou o acordo, lamentou que o conteúdo da conversa tenha sido vazado para a imprensa.
"A informação de que o presidente desligou a ligação não é correta. A conversa terminou de forma gentil", afirmou Turnbull. "O compromisso feito pelo presidente na ligação está feito, nós anunciamos isso e o porta-voz dele depois."
KG/efe/afp/ap